The Prague Post - Os jacarés do Rio sob ameaça da poluição e da expansão urbana

EUR -
AED 4.25718
AFN 80.828375
ALL 98.046763
AMD 444.861288
ANG 2.074565
AOA 1061.844853
ARS 1370.516266
AUD 1.77262
AWG 2.089492
AZN 1.968372
BAM 1.957715
BBD 2.339468
BDT 141.713525
BGN 1.954067
BHD 0.437192
BIF 3450.104927
BMD 1.159219
BND 1.483464
BOB 8.023919
BRL 6.38475
BSD 1.158623
BTN 99.64434
BWP 15.470268
BYN 3.791877
BYR 22720.693174
BZD 2.327397
CAD 1.571756
CDF 3335.073027
CHF 0.939819
CLF 0.028281
CLP 1085.237752
CNY 8.325051
CNH 8.32525
COP 4751.685212
CRC 584.066341
CUC 1.159219
CUP 30.719305
CVE 110.376788
CZK 24.794517
DJF 206.333632
DKK 7.458276
DOP 68.296224
DZD 150.744888
EGP 58.264318
ERN 17.388286
ETB 158.307234
FJD 2.594567
FKP 0.853514
GBP 0.852524
GEL 3.176141
GGP 0.853514
GHS 11.934778
GIP 0.853514
GMD 81.726668
GNF 10039.167517
GTQ 8.904634
GYD 242.409235
HKD 9.099696
HNL 30.240584
HRK 7.532837
HTG 151.627026
HUF 401.046317
IDR 18861.652992
ILS 4.041403
IMP 0.853514
INR 99.590134
IQD 1517.871808
IRR 48803.121303
ISK 143.603907
JEP 0.853514
JMD 184.935705
JOD 0.821915
JPY 166.952472
KES 149.878002
KGS 101.373873
KHR 4638.577837
KMF 494.409352
KPW 1043.297136
KRW 1572.56752
KWD 0.354571
KYD 0.965553
KZT 594.176144
LAK 24994.667372
LBP 103817.858402
LKR 348.868281
LRD 231.738704
LSL 20.613466
LTL 3.422872
LVL 0.701199
LYD 6.28937
MAD 10.553097
MDL 19.813554
MGA 5145.077705
MKD 61.52513
MMK 2434.25309
MNT 4151.450763
MOP 9.368546
MRU 45.872876
MUR 52.454605
MVR 17.857724
MWK 2009.182873
MXN 21.885302
MYR 4.91567
MZN 74.132169
NAD 20.613466
NGN 1792.570036
NIO 42.641347
NOK 11.485809
NPR 159.431344
NZD 1.908114
OMR 0.445721
PAB 1.158643
PEN 4.194667
PGK 4.768789
PHP 65.249545
PKR 328.016962
PLN 4.269577
PYG 9242.962461
QAR 4.237191
RON 5.019184
RSD 117.226026
RUB 91.142814
RWF 1673.151242
SAR 4.349253
SBD 9.676454
SCR 16.479748
SDG 696.105655
SEK 10.960834
SGD 1.482143
SHP 0.910964
SLE 25.56077
SLL 24308.247897
SOS 662.153483
SRD 44.909269
STD 23993.493664
SVC 10.138268
SYP 15072.054435
SZL 20.603979
THB 37.552938
TJS 11.737636
TMT 4.057267
TND 3.419545
TOP 2.715003
TRY 45.63671
TTD 7.865763
TWD 34.103068
TZS 2990.126736
UAH 48.17409
UGX 4177.086355
USD 1.159219
UYU 47.377984
UZS 14784.335666
VES 118.433927
VND 30210.986998
VUV 138.065856
WST 3.036213
XAF 656.605007
XAG 0.031843
XAU 0.000341
XCD 3.132847
XDR 0.81987
XOF 656.622017
XPF 119.331742
YER 282.095426
ZAR 20.60513
ZMK 10434.352092
ZMW 28.09773
ZWL 373.268058
Os jacarés do Rio sob ameaça da poluição e da expansão urbana
Os jacarés do Rio sob ameaça da poluição e da expansão urbana / foto: Tercio TEIXEIRA - AFP

Os jacarés do Rio sob ameaça da poluição e da expansão urbana

Intrépido como o protagonista de "Crocodilo Dundee", o biólogo Ricardo Freitas captura um jacaré no meio da noite usando um laço amarrado na ponta de uma vara e o traz para dentro de seu pequeno barco de madeira.

Tamanho do texto:

Sem titubear diante dos dentes afiados do réptil, Freitas, de 44 anos, o segura pelo focinho, que amarra com fita isolante para poder examiná-lo sem correr riscos.

O animal, de 1,5 metro, vive na zona oeste do Rio de Janeiro, na lagoa de Jacarepaguá, cujo nome em tupi-guarani significa "Vale dos Jacarés".

Mas há décadas este local deixou de ser um vale bucólico com vegetação exuberante.

Ao redor da lagoa, onde deságua o esgoto de dezenas de milhares de habitantes, foram construídos inúmeros prédios residenciais.

Um forte cheiro ruim emana da água esverdeada. Em frente ao bote de Ricardo Freitas veem-se os edifícios da antiga vila olímpica dos Jogos Olímpicos de 2016.

O biólogo é categórico: com a expansão urbana e sua consequente contaminação, o jacaré encontrado em Jacarepaguá é uma espécie "ameaçada de extinção".

- Camisinha no estômago -

Segundo suas estimativas, na região vivem cerca de 5.000 jacarés-de-papo-amarelo, cujo nome científico é Caiman Latirostris.

Os maiores podem passar de três metros de comprimento.

Mas o "Crocodilo Dundee" carioca identificou um problema importante: 85% dos exemplares que ele examinou recentemente são machos. Segundo ele, este desequilíbrio se deve, em grande medida, à contaminação da lagoa.

"Os ninhos estão em áreas com muita poluição. Com isso, a temperatura aumenta no período de incubação, levando a um maior nascimento de jacarés machos", explica.

"São animais que dependem da temperatura de incubação para determinação do sexo. De 29 a 30 graus, seriam fêmeas, mas aqui acabamos tendo temperaturas de incubação muito altas por causa da alta taxa de decomposição de material orgânico e do lixo usado na confecção dos ninhos", lamenta o biólogo.

Assim como os jacarés-de-papo-amarelo, todo o ecossistema local está ameaçado.

Por estar no topo da cadeia alimentar, "o jacaré é uma espécie-chave, de primordial importância para o equilíbrio e a regulação de toda a biodiversidade aqui existente. Se tirarmos o jacaré da equação, levamos a um colapso da biodiversidade", adverte o biólogo.

Em mais de 20 anos de pesquisas na lagoa de Jacarepaguá, realizadas por sua ONG, o Instituto Jacaré, este doutor em Ecologia e integrante do coletivo internacional Crocodile Specialist Group UICN/SSC, capturou e registrou mais de 1.000 jacarés em sua base de dados.

Em seu barco, ele os pesa, mede e coleta uma amostra de suas escamas antes de soltá-los de volta na água.

Exames laboratoriais permitem identificar níveis de contaminação por metais pesados, como chumbo, cromo ou mercúrio.

Lavagens estomacais permitem identificar o conteúdo do estômago dos jacarés.

"Na lavagem do estômago dos animais, observamos sacolas plásticas, pedaços de latinha, balão de festa e até camisinha!", enumera.

- Cara a cara com o jacaré -

Por causa da expansão urbana, o hábitat natural dos jacarés está cada vez mais reduzido.

Por isso, eles acabam se concentrando em áreas urbanizadas, onde encontram alimento com mais facilidade.

Perto de uma ponte na comunidade do Terreirão, a poucos quilômetros da lagoa, é possível ver o focinho de um deles, emergindo em meio ao lixo.

"É muito triste ver esses animais em meio a toda essa poluição. Dá um pouquinho de medo, mas eles quase não saem", diz Regina Carvalho, uma babá de 34 anos.

Quando o canal transborda durante os temporais, os moradores podem se deparar com um jacaré no meio da rua.

Alex Ribeiro, que trabalha em uma loja de produtos de limpeza no bairro, assegura que "nunca" ouviu falar de "ataques" destes répteis.

"Aqui está abandonado, tem vários canos d'água que levam para essas residências todas. Então, você imagina o nível de contaminação ao qual eles estão expostos aqui", lamenta o comerciante de 58 anos.

S.Janousek--TPP