The Prague Post - Plantar árvores, pena inédita para criminosos de guerra na Colômbia

EUR -
AED 4.323747
AFN 82.401757
ALL 97.851872
AMD 451.913873
ANG 2.106773
AOA 1079.460903
ARS 1481.400456
AUD 1.783571
AWG 2.121841
AZN 1.99945
BAM 1.963365
BBD 2.376809
BDT 143.494736
BGN 1.956279
BHD 0.443691
BIF 3449.095807
BMD 1.177166
BND 1.504027
BOB 8.134516
BRL 6.496899
BSD 1.177161
BTN 101.708467
BWP 15.710468
BYN 3.852426
BYR 23072.449768
BZD 2.364561
CAD 1.600769
CDF 3397.300382
CHF 0.932903
CLF 0.028463
CLP 1116.612708
CNY 8.428286
CNH 8.41836
COP 4753.454377
CRC 594.688904
CUC 1.177166
CUP 31.194894
CVE 110.800752
CZK 24.583691
DJF 209.205341
DKK 7.465109
DOP 71.094576
DZD 152.57916
EGP 57.78914
ERN 17.657487
ETB 160.916502
FJD 2.632963
FKP 0.870751
GBP 0.867041
GEL 3.190714
GGP 0.870751
GHS 12.254419
GIP 0.870751
GMD 84.756028
GNF 10189.547331
GTQ 9.035005
GYD 246.153696
HKD 9.239751
HNL 31.018032
HRK 7.53563
HTG 154.468472
HUF 398.659405
IDR 19155.54827
ILS 3.927396
IMP 0.870751
INR 101.682644
IQD 1542.087204
IRR 49573.390859
ISK 142.225376
JEP 0.870751
JMD 188.827582
JOD 0.834607
JPY 172.460685
KES 152.438768
KGS 102.852629
KHR 4732.206716
KMF 494.999615
KPW 1059.510475
KRW 1618.202982
KWD 0.359158
KYD 0.980976
KZT 633.518355
LAK 25385.580079
LBP 105415.198088
LKR 355.145976
LRD 236.610476
LSL 20.612237
LTL 3.475865
LVL 0.712055
LYD 6.368156
MAD 10.581249
MDL 19.905615
MGA 5214.844345
MKD 61.798908
MMK 2470.989634
MNT 4221.758486
MOP 9.517374
MRU 46.874455
MUR 53.38453
MVR 18.125533
MWK 2044.139545
MXN 21.833016
MYR 4.976466
MZN 75.291275
NAD 20.61203
NGN 1804.714347
NIO 43.260903
NOK 11.891968
NPR 162.737509
NZD 1.947905
OMR 0.452575
PAB 1.177161
PEN 4.185952
PGK 4.883767
PHP 66.816123
PKR 335.757126
PLN 4.2521
PYG 8816.97318
QAR 4.285589
RON 5.069579
RSD 117.171534
RUB 92.282278
RWF 1693.35301
SAR 4.416341
SBD 9.752931
SCR 16.650449
SDG 706.93426
SEK 11.210009
SGD 1.503002
SHP 0.925068
SLE 27.075412
SLL 24684.582983
SOS 672.699284
SRD 42.904165
STD 24364.955464
STN 24.955915
SVC 10.299818
SYP 15305.463097
SZL 20.741205
THB 37.902501
TJS 11.294861
TMT 4.131852
TND 3.387296
TOP 2.757038
TRY 47.604591
TTD 7.988748
TWD 34.432691
TZS 3034.145492
UAH 49.22269
UGX 4226.374642
USD 1.177166
UYU 47.322946
UZS 15050.064671
VES 140.629647
VND 30782.885787
VUV 141.331468
WST 3.103114
XAF 658.508321
XAG 0.029987
XAU 0.000348
XCD 3.181349
XCG 2.121465
XDR 0.817575
XOF 661.566854
XPF 119.331742
YER 283.638352
ZAR 20.648428
ZMK 10595.90245
ZMW 27.339926
ZWL 379.046909
Plantar árvores, pena inédita para criminosos de guerra na Colômbia
Plantar árvores, pena inédita para criminosos de guerra na Colômbia / foto: Raul ARBOLEDA - AFP

Plantar árvores, pena inédita para criminosos de guerra na Colômbia

Sentado em banquinho de tecido camuflado, o general reformado Henry Torres faz uma pausa na jardinagem. Plantar árvores faz parte de sua pena pelos 303 homicídios cometidos por militares sob seu comando na Colômbia.

Tamanho do texto:

"Estamos restaurando não apenas um ecossistema, mas tentando minimizar este dano que causamos (...) Era uma forma de ressarcir um dano, sem ser privado da liberdade", diz à AFP o ex-comandante da XVI brigada, de 61 anos, responsável por centenas de execuções a sangue frio que o Exército usou para inflar seus resultados no conflito armado.

Afastado das forças armadas por causa destes crimes, ele veste um macacão, como qualquer funcionário do viveiro onde trabalha na zona oeste da capital, Bogotá.

A Colômbia ensaia um programa inédito de "justiça restaurativa", que impõe penas alternativas à prisão para os principais responsáveis por crimes de guerra. Surgida do histórico acordo de paz de 2016 com a guerrilha das Farc, a iniciativa gerou receio em algumas vítimas.

"Venha e plante árvores... Isso é absolutamente insuficiente, um tipo de deboche", protesta Margarita Arteaga, irmã de Kemel Mauricio, morto em 2007 por militares, que o apresentaram como um chantagista morto em uma suposta troca de tiros.

Entre 2002 e 2008, cerca de 6.400 civis foram executados por militares que os apresentaram como criminosos ou guerrilheiros em troca de recompensas, segundo a Jurisdição Especial para a Paz (JEP), o tribunal criado para julgar os crimes mais graves do conflito.

"Estamos tentando reconciliar nossa sociedade depois de uma guerra gravíssima. É muito novo e complexo", explica à AFP o presidente da JEP, Roberto Vidal.

Iniciativas como "Siembras de paz" (Cultivos da paz), da qual participam 46 militares, são "pilotos, projetos com os quais estamos tentando aprender como se organiza isto", explica o juiz.

- Verdade e espinhos -

Sob o sol de Bogotá, uma dúzia de homens tira as ervas daninhas a golpes de facão.

Os mais jovens preparam o terreno, enquanto Torres e outros militares mais velhos preparam arbustos para reflorestar o bosque.

"Buscamos com estes trabalhos curar estas feridas (...), transformar o dano causado", diz o major reformado Gustavo Soto. No ano passado, ele enfrentou os familiares de 85 civis assassinados por uma unidade sob seu comando no departamento (estado) de Casanare (centro-leste). "Foi bastante difícil", lembra.

No começo dos anos 2000, ele fez parte da luta anti-insurgência do governo do então presidente direitista Álvaro Uribe (2002-2010). "Infelizmente, o que se pedia eram resultados demonstrados em baixas em combate (...) Era como o comando superior nos avaliava", conta o major.

Hoje, ele combate o tojo (Ulex europaeus), um arbusto invasor em uma represa perto de Bogotá. Seus espinhos são compridas e conseguem perfurar o tecido grosso do macacão, explica Soto, de 52 anos.

- "O negócio da vida" -

Torres e Soto estiveram presos pelos assassinatos cometidos. A JEP concedeu-lhes a liberdade em troca de contar a verdade e participar em iniciativas como o "Siembras de Paz".

Eles participam voluntariamente por cinco horas, sob supervisão do tribunal. Cada dia será reconhecido como pagamento "antecipado" da sanção, imposta pela JEP, até o máximo de oito anos.

Especialistas questionam se estes projetos implicam em "restrições efetivas de liberdades e direitos" diferentes da prisão, como previsto no pacto.

"Estarão submetidos a um sistema de vigilância por parte da JEP, [o que] pode ser traduzido, inclusive, no uso de mecanismos eletrônicos" como o "rastreamento com os celulares", defende Vidal.

Para Margarita Arteaga, os militares "fizeram o negócio de sua vida" ao se amparar na JEP. Seu irmão, artesão e fã de música punk, tinha 31 anos em fevereiro de 2007 quando chegou a uma cidade petroleira em Casanare para tentar a vida vendendo brincos e colares.

Um mês depois, foi sequestrado por militares em um bar e executado na zona rural. Pediu que atirassem nele de frente, sobreviveu e foi executado no chão, segundo soube sua irmã mais velha da boca do assassino durante uma audiência da JEP em 2023.

"Plantaram uma granada e um revólver [com ele]", lembra a mulher, chorando.

- "Simbólico" -

"Posso entender o [caráter] simbólico das árvores, mas não repara", reclama a porta-voz da Associação de Vítimas de Casanare pela Paz.

Ela questiona que o programa seja implantado a cerca de 200 km de onde os homicídios ocorreram e afirma que os militares omitiram as torturas contra suas vítimas.

A violência de vários grupos armados, incluindo rebeldes que se afastaram do acordo com a guerrilha das Farc, obrigou o tribunal a levar o programa aos arredores de Bogotá, explica Vidal.

Outras duas iniciativas de justiça restaurativa já estão funcionando. Em uma, os participantes reconstroem um centro cívico indígena. Na outra, educam sobre os perigos das minas antipessoais.

Para Arteaga, é preciso mais. Como parte de sua punição, Torres e seus subordinados deveriam visitar batalhões, "contando aos soldados em formação o que fizeram e o que não deve acontecer", sugere.

F.Vit--TPP