The Prague Post - Agricultores resistem à desertificação de suas terras em Gilbués, Piauí

EUR -
AED 4.216858
AFN 76.287482
ALL 96.62124
AMD 439.275977
ANG 2.0553
AOA 1052.921862
ARS 1665.800597
AUD 1.764598
AWG 2.066803
AZN 1.948252
BAM 1.954156
BBD 2.311905
BDT 139.923505
BGN 1.956149
BHD 0.432875
BIF 3386.324906
BMD 1.148224
BND 1.500171
BOB 7.931535
BRL 6.156315
BSD 1.147859
BTN 101.868962
BWP 15.495369
BYN 3.912594
BYR 22505.190994
BZD 2.308618
CAD 1.620667
CDF 2576.614474
CHF 0.930831
CLF 0.027674
CLP 1085.648805
CNY 8.18655
CNH 8.188307
COP 4420.949573
CRC 576.227781
CUC 1.148224
CUP 30.427937
CVE 110.172794
CZK 24.348377
DJF 204.062184
DKK 7.464486
DOP 73.616786
DZD 150.115359
EGP 54.436956
ERN 17.22336
ETB 176.209064
FJD 2.620419
FKP 0.880337
GBP 0.88032
GEL 3.123151
GGP 0.880337
GHS 12.511801
GIP 0.880337
GMD 84.397056
GNF 9967.701253
GTQ 8.7966
GYD 240.154239
HKD 8.927775
HNL 30.180085
HRK 7.535912
HTG 150.316161
HUF 386.513447
IDR 19153.525049
ILS 3.737544
IMP 0.880337
INR 101.710263
IQD 1503.608865
IRR 48340.23171
ISK 146.995861
JEP 0.880337
JMD 184.814521
JOD 0.814047
JPY 176.862075
KES 148.349302
KGS 100.412127
KHR 4607.244425
KMF 489.14312
KPW 1033.372355
KRW 1654.441377
KWD 0.352803
KYD 0.95662
KZT 602.978485
LAK 24927.680312
LBP 102792.409226
LKR 349.748812
LRD 210.058772
LSL 20.062122
LTL 3.390407
LVL 0.694549
LYD 6.279772
MAD 10.69445
MDL 19.674962
MGA 5190.768768
MKD 61.479617
MMK 2410.392225
MNT 4118.341843
MOP 9.193606
MRU 45.460152
MUR 52.852664
MVR 17.68839
MWK 1990.477471
MXN 21.347655
MYR 4.812778
MZN 73.429353
NAD 20.061773
NGN 1653.017526
NIO 42.244828
NOK 11.728882
NPR 162.98943
NZD 2.028467
OMR 0.441485
PAB 1.147864
PEN 3.885465
PGK 4.916864
PHP 67.443241
PKR 324.52791
PLN 4.254343
PYG 8126.163679
QAR 4.184398
RON 5.085024
RSD 117.215292
RUB 93.410447
RWF 1667.840467
SAR 4.306396
SBD 9.450564
SCR 15.850475
SDG 689.504407
SEK 10.98925
SGD 1.500689
SHP 0.861465
SLE 26.63433
SLL 24077.683263
SOS 655.965293
SRD 44.273203
STD 23765.919172
STN 24.479939
SVC 10.043551
SYP 12697.898274
SZL 20.056564
THB 37.289151
TJS 10.629336
TMT 4.030266
TND 3.402637
TOP 2.68926
TRY 48.327607
TTD 7.779625
TWD 35.478742
TZS 2824.409479
UAH 48.299767
UGX 4008.714858
USD 1.148224
UYU 45.651595
UZS 13740.500324
VES 256.837274
VND 30224.127038
VUV 140.013148
WST 3.221714
XAF 655.422735
XAG 0.023829
XAU 0.000288
XCD 3.103133
XCG 2.068705
XDR 0.813804
XOF 655.408477
XPF 119.331742
YER 273.908673
ZAR 19.977985
ZMK 10335.396067
ZMW 25.712041
ZWL 369.727669
Agricultores resistem à desertificação de suas terras em Gilbués, Piauí
Agricultores resistem à desertificação de suas terras em Gilbués, Piauí / foto: Nelson ALMEIDA - AFP

Agricultores resistem à desertificação de suas terras em Gilbués, Piauí

Cercado de crateras vermelhas que remetem a Marte, o pecuarista Ubiratan Lemos Abade estica os braços, mostrando dois possíveis futuros para suas terras, ameaçadas pela desertificação.

Tamanho do texto:

Abade, de 65 anos, vive na maior zona de desertificação do Brasil: Gilbués, no estado do Piauí, onde a paisagem árida e pontuada por cânions devora fazendas e já chegou a muitas propriedades, em uma área maior que a cidade de Nova York.

Segundo especialistas, o fenômeno é causado pela erosão galopante no solo frágil da região, e exacerbado pelo desmatamento, pelo crescimento indiscriminado e provavelmente pelas mudanças climáticas.

Mas, centenas de famílias que vivem da agropecuária se recusam a abandonar esta terra desolada e recorrem à criatividade para desafiar as adversidades e chamar atenção para o problema.

"Antes tinha mais chuva. Agora diminuiu. Descontrolou. Por isso, a gente tem que trabalhar com irrigação. Se não for [assim], não tem como" sobreviver, diz Abade.

Ele aponta, à sua direita, para um campo de capim seco, que morreu antes que seu gado pudesse pastar ali. À sua esquerda, mostra um lote exuberante de capim regado com um sistema improvisado de irrigação, do qual depende para manter vivos suas vacas e a si próprio.

Ele instalou o sistema há um ano: cavou um poço e instalou uma rede de mangueiras.

"Se não tivesse irrigação, ficaria tipo aquele. Aquele eu não irriguei e está morrendo de sede", afirma.

"Tem que ter tecnologia [para produzir aqui]. Mas para quem é fraco de condições, fica difícil".

- "Terra fraca" -

Do céu, o "deserto de Gilbués" parece uma gigantesca folha amassada de papel-lixa cor de tijolo.

O problema da erosão não é novo. O termo "Gilbués" provavelmente vem da palavra indígena "jeruboés", que significa "terra fraca", conta o historiador ambiental Dalton Macambira, da Universidade Federal do Piauí.

Mas, a humanidade agravou o problema, ao devastar e queimar a vegetação, cujas raízes ajudavam a conter o solo friável, e expandir as construções em uma cidade de atualmente 11.000 habitantes.

Gilbués foi cenário de uma corrida por diamantes em meados do século XX, de um "boom" de cana-de-açúcar na década de 1980 e agora é um dos principais municípios produtores de soja do estado.

"Onde tem gente, tem demanda por recursos naturais", diz Macambira.

"Essa atividade econômica acaba acelerando o problema e exige do ambiente natural uma capacidade de suporte que ele não tem", continua.

Segundo um estudo publicado em janeiro por Macambira, a área afetada pela desertificação mais que dobrou, de 387 para 805 km² de 1976 a 2019, afetando cerca de 500 famílias de agricultores.

Os cientistas afirmam que são necessários mais estudos para determinar se o aquecimento global acelera o fenômeno.

Os agricultores constataram temporadas mais secas e de chuvas mais curtas, porém mais intensas, o que agrava o problema: as fortes precipitações arrastam mais terra e aprofundam ainda mais os enormes cânions, conhecidos como "voçorocas".

Segundo Macambira, o aquecimento global só pode piorar a situação.

Nas regiões com "problema de degradação ambiental (...), as mudanças climáticas tendem a ter um efeito mais perverso", afirma.

- Oportunidades -

Para as Nações Unidas, a desertificação é uma "crise silenciosa", que afeta 500 milhões de pessoas em todo o mundo, e é causa de pobreza e conflitos.

Mas o problema também traz oportunidades, segundo Fabriciano Corado, presidente do grupo de conservação SOS Gilbués.

Este engenheiro agrônomo, de 58 anos, diz que embora o solo de Gilbués facilmente sofra com a erosão, ao mesmo tempo é ideal porque é rico em fósforo e argila, e não precisa de fertilizantes ou outros tratamentos.

Assim como Abade, ele acredita que os agricultores precisam de tecnologia para sobreviver ao avanço da desertificação.

Mas nada muito sofisticado - diz -, destacando que os produtores locais conseguiram resultados muito positivos, como por exemplo, com a proteção da vegetação nativa, a irrigação por gotejamento, a piscicultura e a técnica milenar de cultivar em terraços agrícolas.

"Não temos que reinventar a roda. Os astecas, incas e maias já o fizeram", afirma.

Ele lamenta, ao mesmo tempo, o fechamento, há seis anos, de um núcleo de pesquisa sobre a desertificação em Gilbués, que ajudava os agricultores a implementar essas técnicas.

O governo do estado planeja reabri-lo, mas não definiu uma data.

A região também tem potencial de gerar energia solar, diz Corado, citando a abertura recente de um parque solar com 2,2 milhões de painéis. Outro está em construção.

Com a mistura adequada de conservação e tecnologia, "ninguém nos segura", garante.

Z.Pavlik--TPP