The Prague Post - À espera de Milei, comerciantes remarcam os preços na Argentina

EUR -
AED 4.225347
AFN 75.935225
ALL 96.530197
AMD 440.160504
ANG 2.05944
AOA 1055.04179
ARS 1669.155291
AUD 1.767649
AWG 2.073842
AZN 1.959229
BAM 1.958092
BBD 2.316561
BDT 140.205301
BGN 1.95567
BHD 0.433725
BIF 3395.233133
BMD 1.150536
BND 1.503192
BOB 7.947508
BRL 6.168259
BSD 1.150171
BTN 102.074119
BWP 15.526576
BYN 3.920473
BYR 22550.514875
BZD 2.313268
CAD 1.622705
CDF 2555.342112
CHF 0.931123
CLF 0.027683
CLP 1086.014151
CNY 8.199586
CNH 8.200644
COP 4411.732107
CRC 577.388264
CUC 1.150536
CUP 30.489217
CVE 110.882911
CZK 24.37751
DJF 204.473444
DKK 7.465487
DOP 73.987766
DZD 150.418868
EGP 54.542674
ERN 17.258047
ETB 176.175889
FJD 2.624492
FKP 0.88211
GBP 0.88096
GEL 3.123735
GGP 0.88211
GHS 12.569586
GIP 0.88211
GMD 84.571203
GNF 9999.312558
GTQ 8.814315
GYD 240.637893
HKD 8.945007
HNL 30.32851
HRK 7.534523
HTG 150.618888
HUF 386.916198
IDR 19220.862322
ILS 3.745859
IMP 0.88211
INR 101.98056
IQD 1507.20278
IRR 48451.967007
ISK 147.004128
JEP 0.88211
JMD 185.186724
JOD 0.815692
JPY 177.16478
KES 148.706514
KGS 100.614759
KHR 4633.210067
KMF 490.128495
KPW 1035.453494
KRW 1664.97593
KWD 0.353399
KYD 0.958547
KZT 604.192841
LAK 24897.60912
LBP 103204.201786
LKR 350.453181
LRD 211.065701
LSL 19.916034
LTL 3.397236
LVL 0.695948
LYD 6.276191
MAD 10.711652
MDL 19.714586
MGA 5177.413724
MKD 61.592799
MMK 2415.246587
MNT 4126.635895
MOP 9.212121
MRU 45.791129
MUR 52.959252
MVR 17.724036
MWK 1998.481614
MXN 21.39353
MYR 4.81442
MZN 73.577134
NAD 19.915275
NGN 1659.373004
NIO 42.305425
NOK 11.743698
NPR 163.317679
NZD 2.031243
OMR 0.442394
PAB 1.150176
PEN 3.89329
PGK 4.850697
PHP 67.732655
PKR 325.181486
PLN 4.255935
PYG 8142.529205
QAR 4.192825
RON 5.084109
RSD 117.230436
RUB 93.58878
RWF 1671.199381
SAR 4.31503
SBD 9.461809
SCR 15.778774
SDG 690.89339
SEK 10.994061
SGD 1.502531
SHP 0.8632
SLE 26.741488
SLL 24126.174034
SOS 657.286361
SRD 44.362394
STD 23813.782072
STN 24.52924
SVC 10.063778
SYP 12723.470953
SZL 20.096956
THB 37.353889
TJS 10.650742
TMT 4.026878
TND 3.40949
TOP 2.694676
TRY 48.444516
TTD 7.795292
TWD 35.583767
TZS 2830.097659
UAH 48.397039
UGX 4016.788129
USD 1.150536
UYU 45.743534
UZS 13792.073488
VES 257.354528
VND 30287.872658
VUV 140.295125
WST 3.228202
XAF 656.742711
XAG 0.02403
XAU 0.000289
XCD 3.109383
XCG 2.072871
XDR 0.815443
XOF 656.382031
XPF 119.331742
YER 274.460667
ZAR 20.010826
ZMK 10356.203334
ZMW 25.763823
ZWL 370.472275
À espera de Milei, comerciantes remarcam os preços na Argentina
À espera de Milei, comerciantes remarcam os preços na Argentina / foto: LUIS ROBAYO - AFP

À espera de Milei, comerciantes remarcam os preços na Argentina

"É incessante, não dá trégua", diz Paola Basso enquanto coloca uma etiqueta por cima da outra nos produtos de sua mercearia na Argentina, onde a vitória do ultraliberal Javier Milei disparou as remarcações de preços que atiçam uma inflação superior aos 140% anuais.

Tamanho do texto:

"Os clientes pedem que fracionemos o quilo do açúcar ou compram ovos por unidade. Te faz mal, as pessoas estão necessitadas, é como lhe tirar a dignidade, mas os preços estão uma loucura", conta Basso em seu estabelecimento "Chiche", em Morón, um bairro de casas baixas e classe trabalhadora na periferia oeste de Buenos Aires.

Nas prateleiras, alguns produtos têm até quatro etiquetas sobrepostas que servem de testemunha da inflação vertiginosa.

"São dias horríveis", define Fernado Savore, marido de Basso e vice-presidente da Federação de Mercearias de Buenos Aires. "Ainda que na semana passada tenhamos mudado os preços, descobrimos agora ao reabastecer a mercadoria nos fornecedores que houve aumentos de entre 25% e 30% em média" em relação à sexta antes da eleição, detalhou.

"O preço do macarrão é desconcertante. Aumentaram mais de 50% e também não há reposição de óleo. Os produtos de limpeza subiram 30%", enumerou.

- Fim dos acordos? -

O atual governo do peronista Alberto Fernández, que entregará o poder com uma inflação que beira os 143% anuais, renovou, nesta semana, os acordos de preços com os fabricantes, mas talvez essa seja a última vez.

O presidente eleito Javier Milei, um ultraliberal antissistema que assumirá em 10 de dezembro, opõe-se às regulações de preço pelo Estado.

A expectativa de que não haverá mais esse acordo "estimula as remarcações", explicou à AFP o economista Hernán Letcher, diretor do Centro de Economia Política da Argentina.

"Vamos ver a disparada dos preços de maneira mais marcada no mês que vem, porque o mercado prevê uma desvalorização significativa quando Milei assumir, e se isso ocorrer, haverá novo surto inflacionário", alertou Letcher, sem indicar o impacto que essa situação poderia ter em um país com 40% de pobreza.

Os aumentos dessa semana complicaram uma situação que já era delicada e que já se sente no "Chiche", um negócio familiar instalado em Morón há 65 anos.

"Na Argentina, o dia 15 é fim de mês", resume Savore. "Nos primeiros dias, o cliente paga em dinheiro vivo, depois do dia 15 com cartão de crédito que antes servia para comprar uma televisão ou um calçado e agora se usa para comprar comida", disse.

Mario Amor, um cliente de 70 anos, percorre os corredores e olha os preços com desânimo. "Estou surpreso, porque vejo que aumentaram muito, ainda não decidi onde comprar, estou vendo quem tem os melhores preços, está difícil", afirmou antes de ir embora com as sacolas vazias.

Em frente à outra prateleira, Clara Tedesco, uma costureira de 60 anos, diz-se "horrorizada" ao comprovar que o preço do queijo "subiu mais uma vez nesta semana".

"É cansativo, estudar os preços, ir a um lugar, a outro, comparar, fazer contas e voltar... Fazer as compras é mais difícil que encontrar marido", afirma com bom humor.

- "Mais tristeza que raiva" -

Nos açougues do bairro de Mataderos, as placas de preços estão em branco.

"Já não os escrevemos, porque perdemos muito tempo, temos que mudá-los a cada dois dias", resumiu a encarregada Evelyn García. "Os clientes sabem disso, não ficam com raiva. Há mais tristeza que raiva. Temos que comer igual", disse.

A venda dos cortes de carne mais caros, como o vacío (equivalente à fraldinha no Brasil) e a nalga (correspondente ao coxão mole no Brasil), foi sendo preterido a favor das mais econômicas chuletas de porco e cortes bovinos de qualidade inferior. "As pessoas substituem para que não falte carne no prato. Agora não sei o que farão, tudo aumentou mais de 10% nesta semana", relata Evelyn em seu estabelecimento sem clientes.

No frigorífico "H y H" gerenciado por Renzo Patitucci, a mudança é incessante. Embora venda no atacado, seu forte é o fornecimento aos restaurantes.

"Na semana passada, o vacío estava a 4.000 pesos (quase 11 dólares no câmbio oficial ou R$ 54,80). Agora está a 5.000 (quase 14 dólares ou R$ 68,50)", cerca de 25% mais caro, disse Patitucci.

Em uma feira no bairro de Villa Madero, vizinha a Morón, a vendedora Clarisa Gómez passa o espanador em uma caixa de kiwis em sua banca de frutas e verduras. "Cuido deles como uma joia, os vendo por unidade no valor de 1.000 pesos", quase 3 dólares no câmbio oficial ou R$ 13,70.

A maioria dos preços deu um salto esta semana e já quase todos estão em quatro cifras. "As uvas saem a 6.000 pesos (US$ 16,80 ou R$ 82,20) o quilo, os abacaxis, 3.000 (US$ 8,40 ou R$ 41,10), as bananas, 1.700 (US$ 4,76 ou R$ 23,30) e as maçãs, 1.000 (R$ 2,80 ou R$ 13,70). Quando veem os preços, as pessoas compram duas maçãs, uma banana... Se isso não parar, vou ter que vender por fatias", ironizou.

O.Ruzicka--TPP