The Prague Post - Exclusão e pobreza, uma moeda cada vez mais comum na Argentina

EUR -
AED 4.299618
AFN 80.772999
ALL 98.102368
AMD 448.468011
ANG 2.09515
AOA 1073.456153
ARS 1518.918349
AUD 1.799594
AWG 2.107988
AZN 1.994696
BAM 1.958505
BBD 2.362764
BDT 142.176383
BGN 1.95664
BHD 0.441076
BIF 3465.026106
BMD 1.170617
BND 1.500372
BOB 8.086065
BRL 6.32239
BSD 1.170216
BTN 102.343363
BWP 15.660631
BYN 3.903892
BYR 22944.091786
BZD 2.350517
CAD 1.617735
CDF 3388.93643
CHF 0.944212
CLF 0.028741
CLP 1127.50357
CNY 8.407493
CNH 8.415453
COP 4701.197582
CRC 591.316763
CUC 1.170617
CUP 31.021349
CVE 111.096105
CZK 24.471049
DJF 208.042501
DKK 7.464732
DOP 72.256377
DZD 151.673585
EGP 56.499883
ERN 17.559254
ETB 165.233038
FJD 2.6408
FKP 0.863659
GBP 0.863319
GEL 3.149417
GGP 0.863659
GHS 12.467527
GIP 0.863659
GMD 84.874235
GNF 10158.032896
GTQ 8.975397
GYD 244.724893
HKD 9.159434
HNL 30.90878
HRK 7.535308
HTG 153.121501
HUF 395.438883
IDR 18967.506082
ILS 3.956077
IMP 0.863659
INR 102.445195
IQD 1533.508175
IRR 49297.609841
ISK 143.260551
JEP 0.863659
JMD 187.248639
JOD 0.830014
JPY 172.227062
KES 151.599342
KGS 102.287107
KHR 4688.321206
KMF 492.248859
KPW 1053.555237
KRW 1625.952243
KWD 0.357565
KYD 0.975147
KZT 633.885562
LAK 25288.256608
LBP 104414.323965
LKR 352.226517
LRD 235.883727
LSL 20.591598
LTL 3.456528
LVL 0.708095
LYD 6.338936
MAD 10.546678
MDL 19.512952
MGA 5197.539565
MKD 61.615107
MMK 2457.754565
MNT 4210.466208
MOP 9.430426
MRU 46.76659
MUR 53.357163
MVR 18.03965
MWK 2031.020774
MXN 21.941463
MYR 4.931855
MZN 74.806787
NAD 20.591593
NGN 1794.228419
NIO 43.032319
NOK 11.935166
NPR 163.74918
NZD 1.975725
OMR 0.449849
PAB 1.170201
PEN 4.167835
PGK 4.846793
PHP 66.201944
PKR 330.172943
PLN 4.259967
PYG 8569.837184
QAR 4.261753
RON 5.063859
RSD 117.322785
RUB 93.766881
RWF 1691.541461
SAR 4.392451
SBD 9.626888
SCR 16.558907
SDG 702.959768
SEK 11.189698
SGD 1.499214
SHP 0.919921
SLE 27.279667
SLL 24547.249292
SOS 669.011861
SRD 43.968805
STD 24229.40694
STN 24.934141
SVC 10.239143
SYP 15220.15252
SZL 20.591584
THB 37.975245
TJS 10.912033
TMT 4.108865
TND 3.376352
TOP 2.741706
TRY 47.765426
TTD 7.939865
TWD 35.156557
TZS 3058.240971
UAH 48.298012
UGX 4165.753995
USD 1.170617
UYU 46.814663
UZS 14691.242835
VES 158.583885
VND 30752.106694
VUV 139.471344
WST 3.238249
XAF 656.855873
XAG 0.030814
XAU 0.000351
XCD 3.163651
XCG 2.109013
XDR 0.822168
XOF 656.716485
XPF 119.331742
YER 281.270026
ZAR 20.597292
ZMK 10536.961287
ZMW 27.119111
ZWL 376.938173
Exclusão e pobreza, uma moeda cada vez mais comum na Argentina
Exclusão e pobreza, uma moeda cada vez mais comum na Argentina / foto: ALESSIA MACCIONI - AFP

Exclusão e pobreza, uma moeda cada vez mais comum na Argentina

Jonathan Gómez varre a calçada com afinco, acomoda seu colchão e acende um braseiro para matar o frio em uma rua da capital argentina, onde o número de moradores de rua dobrou em um ano, enquanto mais da metade da população do país está imersa na pobreza.

Tamanho do texto:

"Trabalho juntando papelão em uma economia muito difícil, cada vez mais complicada", conta Jonathan, de 30 anos, à AFP. Ele trabalhava com gastronomia e construção até o ano passado, mas as oportunidades ficaram escassas e sua vida entrou em colapso.

Duas latas e um isqueiro são seu fogão improvisado; uma carroça é tudo o que possui.

"Temos três cobertores e um abraço" contra o inverno, brinca Jonathan enquanto abraça sua companheira María de los Ángeles López, de 33 anos, que se apresenta como "dona de casa".

Os dois estão deitados em um colchão a metros dos luxuosos edifícios de Puerto Madero e do polo gastronômico mais exclusivo de Buenos Aires.

Após os primeiros três meses de governo do ultraliberal Javier Milei, o instituto de estatísticas da cidade de Buenos Aires reportou que o índice de indigência atingiu um máximo desde que começou a ser medido em 2015. A taxa dobrou para 16% em comparação com o primeiro trimestre de 2023.

- 'Debaixo do tapete' -

Quatro sem-teto morreram de hipotermia nas últimas semanas em Buenos Aires em meio a uma onda de frio. Muitos, no entanto, se recusam a dormir em abrigos públicos por temor de agressões.

"A polícia às vezes toma o colchão, as cobertas, para que você vá para um abrigo que mais parece uma prisão e para que as pessoas com dinheiro não vejam a crise econômica e social, para nos esconder debaixo do tapete", afirma Jonathan.

Em nível nacional, a pobreza era de 41,7% no segundo semestre de 2023, segundo o instituto nacional de estatística, Indec, que divulgará sua próxima medição em setembro.

Mas projeções da Universidade Católica Argentina (UCA) a situam em 55%, um recorde que a Argentina atingiu em 2002 em sua pior crise econômica recente.

- Estrutural -

A crise atual empurrou a faixa mais pobre para a indigência e vastos setores da classe média se tornaram os novos pobres, segundo a UCA.

A lacuna entre a renda familiar e o preço da cesta básica que define as linhas de pobreza e de indigência se aprofundou vertiginosamente em uma economia em recessão, com uma inflação de mais de 270% em 12 meses em junho e 7% de desemprego.

"Há uma perda nas famílias, não apenas pela capacidade de compra dos salários, mas pelo desemprego dos chefes de família", explica Eduardo Donza, pesquisador do Observatório da Dívida Social da UCA.

Há mais de duas décadas a pobreza está acima de 20%. "Temos uma pobreza estrutural, com a terceira geração de crianças e adolescentes nascidos na exclusão", explica Donza.

Esse é o caso de Gabriela Costas, que, com 45 anos, vive nas ruas desde os nove. Nem governos de centro-esquerda nem de direita foram capazes de retirá-la da indigência.

"Vivi toda a minha vida nas ruas. Quando descartam coisas nas latas de lixo, as recolhemos e assim comemos", conta ela à AFP.

Seu filho Alexandre Barrales, de 18 anos, vive e cursa o ensino médio no lar de uma fundação, onde encontrou abrigo quando tinha 13 anos.

Alexandre ajuda sua mãe enquanto busca trabalho: "Com meu futuro penso em fazer um projeto para vender comida, montar uma barraquinha nas ruas, o que for possível para seguir adiante", afirma.

- 'Sopão' solidário -

Enquanto o governo resiste a uma ordem judicial para distribuir toneladas de alimentos a centenas de cozinhas comunitárias que colocou sob auditoria, estudantes universitários retomam uma antiga resposta para a fome.

Em um galpão da Universidade Nacional de Quilmes, na periferia sul de Buenos Aires, uma fila de pessoas espera para receber um prato de "sopão", parte de uma antiga iniciativa solidária de distribuição de comida.

Trata-se do relançamento desse alimento altamente proteico desenvolvido pela UNQ durante a crise de 2002 para oferecer proteínas a baixo custo para setores vulneráveis, em um país famoso por sua pecuária, mas que consome cada vez menos carne por causa do aumento de preços.

Após passar três anos fechada, a planta foi reativada há um mês e já recebe pedidos, inclusive de países vizinhos, como Brasil e Chile. Um sistema de apadrinhamento a custeia junto à universidade.

Hoje "voltamos a ter uma crise econômica, estamos em emergência alimentar com quase seis de cada dez argentinos abaixo da linha da pobreza, o que faz com que cerca de 27 milhões durmam com fome", disse à AFP Anahí Cuellas, diretora da planta onde é feito o "sopão".

Em uma primeira etapa, produzirão 75.000 porções ao custo de 680 pesos o prato (cerca de R$ 4), mas se preparam para muito mais. "A necessidade infelizmente vai crescer", prevê Cuellas.

W.Urban--TPP