The Prague Post - 'Seco demais': cafezais sofrem com clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

EUR -
AED 4.127425
AFN 79.221816
ALL 98.719773
AMD 436.096178
ANG 2.011113
AOA 1030.458576
ARS 1264.216617
AUD 1.731721
AWG 2.02552
AZN 1.913303
BAM 1.978295
BBD 2.267919
BDT 136.471842
BGN 1.960051
BHD 0.423541
BIF 3299.265644
BMD 1.123728
BND 1.466091
BOB 7.761359
BRL 6.308047
BSD 1.123288
BTN 95.811769
BWP 15.334093
BYN 3.675949
BYR 22025.070373
BZD 2.256266
CAD 1.563252
CDF 3226.223216
CHF 0.939459
CLF 0.027541
CLP 1056.866107
CNY 8.097978
CNH 8.089881
COP 4732.861742
CRC 570.798252
CUC 1.123728
CUP 29.778794
CVE 111.389579
CZK 24.934387
DJF 199.708983
DKK 7.459672
DOP 66.187401
DZD 149.654717
EGP 56.650612
ERN 16.855921
ETB 149.564786
FJD 2.53671
FKP 0.846333
GBP 0.842077
GEL 3.079374
GGP 0.846333
GHS 14.299431
GIP 0.846333
GMD 80.907899
GNF 9725.866387
GTQ 8.636204
GYD 234.998015
HKD 8.766377
HNL 28.958707
HRK 7.533585
HTG 146.86195
HUF 404.243759
IDR 18586.350075
ILS 4.002946
IMP 0.846333
INR 95.894688
IQD 1472.083785
IRR 47308.95239
ISK 145.713905
JEP 0.846333
JMD 178.944808
JOD 0.797173
JPY 164.323932
KES 145.24132
KGS 98.270188
KHR 4516.262872
KMF 495.005489
KPW 1011.383911
KRW 1568.982799
KWD 0.34531
KYD 0.936027
KZT 570.949652
LAK 24295.000867
LBP 100629.8496
LKR 335.677034
LRD 224.324282
LSL 20.597333
LTL 3.318076
LVL 0.679732
LYD 6.197367
MAD 10.45669
MDL 19.633911
MGA 5039.920138
MKD 61.523124
MMK 2359.135491
MNT 4020.301939
MOP 9.016468
MRU 44.500752
MUR 51.859743
MVR 17.361736
MWK 1950.79217
MXN 21.761916
MYR 4.829805
MZN 71.817273
NAD 20.597404
NGN 1801.100306
NIO 41.325094
NOK 11.566759
NPR 153.293715
NZD 1.886133
OMR 0.432641
PAB 1.123253
PEN 4.11425
PGK 4.576663
PHP 62.689433
PKR 316.610381
PLN 4.246012
PYG 8970.120318
QAR 4.090938
RON 5.104646
RSD 118.569858
RUB 90.339744
RWF 1595.693874
SAR 4.215049
SBD 9.395884
SCR 15.986822
SDG 674.793662
SEK 10.878711
SGD 1.457846
SHP 0.883074
SLE 25.565211
SLL 23564.01622
SOS 642.211833
SRD 41.016595
STD 23258.902464
SVC 9.828897
SYP 14610.380088
SZL 20.597676
THB 37.349316
TJS 11.647741
TMT 3.938667
TND 3.396467
TOP 2.631885
TRY 43.568444
TTD 7.622713
TWD 33.943891
TZS 3029.012918
UAH 46.680838
UGX 4110.799388
USD 1.123728
UYU 46.91346
UZS 14535.422542
VES 104.44601
VND 29149.506402
VUV 134.990964
WST 3.133593
XAF 663.489834
XAG 0.034221
XAU 0.000347
XCD 3.036931
XDR 0.825533
XOF 646.716307
XPF 119.331742
YER 274.695652
ZAR 20.458144
ZMK 10114.896444
ZMW 29.765869
ZWL 361.839983
'Seco demais': cafezais sofrem com clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

'Seco demais': cafezais sofrem com clima no Brasil e preço do grão dispara no mundo

Em uma manhã de setembro de 2024, Moacir Donizetti Rossetto verificava os cafezais na propriedade de sua família, no interior de São Paulo, quando sentiu um cheiro de fumaça. Horas depois, o fogo atingiu suas terras.

Tamanho do texto:

"Foi desesperador: o fogo avançando, destruindo a nossa plantação, chegando a vinte metros da minha casa", relembra este pequeno produtor de 54 anos, um das centenas que sofreram o pior incêndio florestal registrado em Caconde, município paulista com a maior produção de café.

Moradores acreditam que o incêndio começou devido à queima descontrolada de lixo, embora a extensão dos danos tenha sido causada por uma situação climática: a seca.

Em Tóquio, Paris ou Nova York, tomar café vai ficar cada vez mais caro, e isso se explica por realidades como a de Caconde: o calor e a irregularidade das chuvas castigam as plantações de café do Brasil, o maior produtor e exportador mundial do grão.

A família de Donizetti Rossetto lutou durante quatro dias contra o fogo, que arrasou a densa paisagem de sua fazenda, situada entre as montanhas da Mata Atlântica, bioma que cobre parte de São Paulo. As chamas consumiram cinco hectares de cafezais, um terço da produção da família.

"Não só perdemos na colheita desse ano mas também no futuro, porque vai demorar três ou quatro anos até essa terra produzir novamente", lamenta Rossetto ao lado de seus pés de café queimados, escurecidos pela fuligem.

"De uns cinco anos para cá, está seco demais, às vezes não chove por meses", diz. "Temperatura também esquentou demais, não dá para aguentar. Quando vem a época da floração, o café não tem água e não resiste", explica.

Segundo estudos oficiais, o Brasil viveu em 2024 seu ano mais quente desde o primeiro registro, em 1961. Também sofreu um número recorde de incêndios florestais em 14 anos, a maioria deles de origem humana e agravados pela seca.

A ciência relaciona ambos os fenômenos, altas temperaturas e seca, ao aquecimento global.

- Brasil sofre e mundo paga -

Com 54,2 milhões de sacas de 60 kg produzidos em 2024, segundo balanço divulgado nesta terça-feira pela Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), o Brasil viu sua safra cair 1,6% em relação a 2023.

O ano de 2024 deveria ter sido abundante no ciclo bienal do arábica, variedade mais consumida, cuja planta costuma alternar uma temporada de boa floração com outra de menor rendimento. "O clima adverso teve impacto em regiões produtoras importantes", ressaltou a Conab.

Responsável por mais de um terço da produção mundial, o Brasil dita o ritmo dos preços internacionais. O valor de uma libra de arábica atingiu seu nível mais alto desde 1977 em dezembro. Foi cotado a 3,48 dólares na Bolsa de Valores de Nova York (23,22 reais), um aumento de 90% em menos de um ano.

"Eu trabalho com café há 35 anos e jamais vi uma situação tão difícil quanto a atual", afirma o cafeicultor Guy Carvalho, um dos mais renomados consultores brasileiros do setor. "Depois da última grande colheita, em 2020, sempre tivemos algum problema com o clima."

Carvalho diz que os preços altos se devem, em grande parte, à "frustração" diante de quatro safras decepcionantes consecutivas, e à expectativa de que os resultados ruins se repitam em 2025.

Fatores geopolíticos complicam ainda mais o panorama dos preços, como possíveis restrições tarifárias após a posse de Donald Trump nos Estados Unidos e regulamentações europeias sobre o desmatamento.

- Em busca de um café sustentável -

Frente ao clima adverso, alguns cafeicultores brasileiros estão testando estratégias alternativas como solução.

"Quando eu nasci, Divinolândia era frio, água congelava no inverno", diz Lange, 67 anos. "Isso hoje não tem mais. Com essas temperaturas, o modelo atual de produção tem os dias contados".

O café cultivado em árvores, que reproduz o habitat da planta em suas origens africanas, não só sofre menos com o calor como também amadurece mais lentamente, o que resulta em um grão maior e mais doce e, portanto, mais valorizado no mercado.

Juntamente com outros 50 colegas, Lange aplica um modelo de "cafeicultura regenerativa" desde 2022: coexistência com outras espécies, sem agrotóxicos e com água de manancial. "No começo, a produtividade vai cair, mas a expectativa é de um resultado fantástico em quatro ou cinco anos", diz.

Y.Havel--TPP