

Fed mantém juros e rebaixa prognóstico para a economia dos EUA
Conforme o esperado, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve inalteradas, nesta quarta-feira (18), suas taxas de juros pela quarta reunião consecutiva de seu comitê de política monetária, e rebaixou seus prognósticos para a economia e a inflação dos Estados Unidos.
Em meio à mudança da política tarifária do governo de Donald Trump e um aumento das incertezas geopolíticas, o banco central americano manteve suas taxas de juros de referência entre 4,25% e 4,5%, embora siga apostando em dois cortes até o fim do ano.
Em nota, o Fed acrescentou que "a incerteza sobre a perspectiva econômica baixou, mas continua alta", enquanto o PIB crescerá menos que o previsto e a inflação será mais elevada.
O Fed estima um PIB em alta de 1,4% este ano frente ao 1,7% previsto em março e aos 2,1% antecipados em dezembro de 2024.
Segundo o banco central, a inflação será de 3% e não de 2,7%, como havia previsto em março, segundo uma atualização de seus prognósticos econômicos, apresentada ao final de dois dias da reunião de seu comitê de política monetária.
O Fed prevê, ainda, um aumento do desemprego para 4,5% frente a 4,4% antecipado anteriormente.
- Pressões do governo -
Pouco depois de o Fed iniciar o segundo dia de reuniões, nesta quarta-feira, Trump voltou a pressionar por uma redução da taxa de juros e a criticar duramente o presidente do banco central, Jerome Powell.
"Francamente, temos um estúpido no Fed, provavelmente não vai cortar [os juros] hoje", disse Trump na Casa Branca.
"Não temos inflação, só sucesso, e gostaria de ver as taxas de juros baixarem", acrescentou, antes da divulgação das previsões do Fed.
Trata-se da quarta reunião do Fed desde que Donald Trump voltou à Casa Branca, em janeiro.
O banco central americano tem duplo mandato: manter a inflação baixa e buscar o pleno emprego, principalmente aumentando ou reduzindo sua taxa de juros de referência, que atua como motor ou freio para a demanda.
Nos últimos meses, Trump impôs tarifas alfandegárias mínimas de 10% sobre a maioria de produtos que os Estados Unidos importam e percentuais maiores às importações de aço, alumínio e automóveis.
Mas até agora, as medidas não provocaram um aumento generalizado nos preços, em parte porque Trump reduziu ou adiou a entrada em vigor das tarifas mais altas e também porque as empresas se apoiaram em seus inventários prévios para não repassar os custos aos consumidores.
Em maio, o índice de preços ao consumidor foi de 2,4% interanual, frente a 2,3% em abril.
Economistas preveem que levará vários meses para as tarifas se refletirem nos preços ao consumidor, e o Fed está agindo com cautela.
O consumidor, motor da economia americana, parece mais atento à sua carteira. Um indicador publicado na terça-feira mostra que as vendas no varejo recuaram 0,9% em maio.
A escalada militar no Oriente Médio complica ainda mais as previsões. A moderação da inflação, da qual Trump se vangloria, deve-se, em boa parte, à queda nos preços do petróleo, mas o conflito atual pode fazê-los disparar.
L.Bartos--TPP