The Prague Post - Argentina de Milei, dividida entre quem viaja e consome e quem não consegue sobreviver

EUR -
AED 4.263418
AFN 80.102537
ALL 97.805681
AMD 445.92619
ANG 2.077667
AOA 1064.548062
ARS 1462.724764
AUD 1.78108
AWG 2.089625
AZN 1.970327
BAM 1.944607
BBD 2.345598
BDT 141.147534
BGN 1.956957
BHD 0.437671
BIF 3296.963587
BMD 1.160903
BND 1.488333
BOB 8.027791
BRL 6.449741
BSD 1.161713
BTN 99.666306
BWP 15.621083
BYN 3.801816
BYR 22753.692361
BZD 2.333468
CAD 1.592468
CDF 3350.365078
CHF 0.930493
CLF 0.029264
CLP 1122.987363
CNY 8.327139
CNH 8.339333
COP 4684.822731
CRC 585.927315
CUC 1.160903
CUP 30.763921
CVE 110.924556
CZK 24.670688
DJF 206.315482
DKK 7.464557
DOP 69.985049
DZD 151.058119
EGP 57.359856
ERN 17.41354
ETB 158.521228
FJD 2.646274
FKP 0.864129
GBP 0.866857
GEL 3.145847
GGP 0.864129
GHS 12.072602
GIP 0.864129
GMD 83.004803
GNF 10048.773236
GTQ 8.91568
GYD 242.949454
HKD 9.112744
HNL 30.589896
HRK 7.535649
HTG 152.532003
HUF 400.499527
IDR 18889.743909
ILS 3.905579
IMP 0.864129
INR 99.830142
IQD 1520.7825
IRR 48903.025148
ISK 142.419701
JEP 0.864129
JMD 185.651363
JOD 0.823043
JPY 172.712714
KES 150.339252
KGS 101.516991
KHR 4666.828971
KMF 492.948309
KPW 1044.839818
KRW 1610.334071
KWD 0.355118
KYD 0.968127
KZT 610.98309
LAK 25034.866299
LBP 103958.834524
LKR 349.756748
LRD 233.341266
LSL 20.814798
LTL 3.427844
LVL 0.702218
LYD 6.280324
MAD 10.519518
MDL 19.63299
MGA 5142.798473
MKD 61.604186
MMK 2437.527181
MNT 4161.658823
MOP 9.393231
MRU 46.110683
MUR 52.751702
MVR 17.871696
MWK 2015.92058
MXN 21.834054
MYR 4.939678
MZN 74.250898
NAD 20.815169
NGN 1775.66964
NIO 42.663115
NOK 11.895108
NPR 159.466089
NZD 1.948951
OMR 0.446358
PAB 1.161713
PEN 4.134022
PGK 4.798301
PHP 65.979972
PKR 330.451204
PLN 4.264226
PYG 8995.222163
QAR 4.226384
RON 5.07837
RSD 117.150452
RUB 90.639837
RWF 1667.636688
SAR 4.354117
SBD 9.658199
SCR 16.891204
SDG 697.121269
SEK 11.283068
SGD 1.491731
SHP 0.912287
SLE 26.062511
SLL 24343.553151
SOS 663.454797
SRD 43.492635
STD 24028.341446
SVC 10.164492
SYP 15093.882638
SZL 20.814972
THB 37.822193
TJS 11.105873
TMT 4.074768
TND 3.367202
TOP 2.718952
TRY 46.735626
TTD 7.886604
TWD 34.134141
TZS 3032.862341
UAH 48.579867
UGX 4164.031217
USD 1.160903
UYU 47.347461
UZS 14853.749195
VES 134.316236
VND 30343.093576
VUV 138.731534
WST 3.18577
XAF 652.202823
XAG 0.030725
XAU 0.000349
XCD 3.137398
XDR 0.811419
XOF 652.427167
XPF 119.331742
YER 280.183787
ZAR 20.804902
ZMK 10449.515398
ZMW 26.515374
ZWL 373.810187
Argentina de Milei, dividida entre quem viaja e consome e quem não consegue sobreviver
Argentina de Milei, dividida entre quem viaja e consome e quem não consegue sobreviver / foto: Luis ROBAYO - AFP

Argentina de Milei, dividida entre quem viaja e consome e quem não consegue sobreviver

A Argentina de Javier Milei vive um boom nas vendas de automóveis, o setor imobiliário está em alta e os aviões decolam lotados. No entanto, o consumo caiu entre aqueles que ganham menos, o trabalho precário prevalece e os supermercados estão sendo pagos com cartão de crédito.

Tamanho do texto:

O governo ultraliberal de Milei reduziu a inflação drasticamente, de 117% em 2024 para 1,6% em junho, e alcançou um superávit fiscal histórico. Mas isso ocorreu às custas de desvalorizar o peso e, com a retirada de subsídios, encarecer o acesso à moradia, saúde e educação.

O consumo, que despencou em 2024, teve uma leve recuperação a partir de maio, mas fragmentada: enquanto dispara a demanda por bens duráveis impulsionada por famílias de alta renda, o consumo da maioria continua no chão. Nove em cada dez lares têm dívidas e 12,8% estão inadimplentes.

- Duas faces -

"Não se vende nada", diz à AFP Laura Comiso, funcionária de uma loja de calçados no centro de Buenos Aires, desanimada pela monotonia de uma tarde sem clientes.

Por outro lado, Blas Morales tem outro dia agitado como vendedor em uma concessionária de automóveis em San Andrés de Giles, a 110 km da capital argentina. "Tivemos um junho excelente", contou à AFP. Nos últimos seis meses, as vendas triplicaram.

E no primeiro semestre foram vendidos 78% mais automóveis do que no mesmo período de 2024. "O melhor primeiro semestre dos últimos sete anos", segundo Sebastián Beato, presidente da Associação de Concessionárias de Automóveis da República Argentina (Acara).

Contribuíram para isso os empréstimos, a redução das taxas de juros e dos impostos, promoções e políticas governamentais que permitiram que os chamados "dólares do colchão" retornassem ao mercado.

Também foi reativado o mercado de compra e venda de imóveis, com alta de 22% em maio em Buenos Aires em relação ao ano anterior. Nos primeiros quatro meses de 2025, foram firmadas mais hipotecas do que em todo o ano passado, embora apenas um quarto dos solicitantes tenha conseguido comprovar requisitos de estabilidade laboral e renda.

"A mudança de governo foi muito positiva para este setor", afirmou Diego Sardano, terceira geração à frente de uma imobiliária em Lanús, sul da capital. "Favorece a estabilidade do dólar e a oferta de créditos que não havia desde 2017", explicou.

"Com o governo anterior, passávamos meses e meses sem fazer uma venda sequer. Agora temos cinco mensais", disse.

Ele acredita, porém, que se chegou a um teto "porque o poder aquisitivo das pessoas não aumenta".

Um peso forte em relação ao dólar favorece aqueles que viajam ao exterior, mas prejudica os operadores de destinos nacionais, onde as reservas despencaram.

O Brasil tornou-se barato para os argentinos, e os aviões "decolam lotados" rumo ao país vizinho, disse à AFP Sandra Peliquero, há 30 anos no setor de turismo.

Entre janeiro e abril, cerca de 6 milhões de pessoas viajaram para fora da Argentina, 70% mais do que no mesmo período de 2024, enquanto apenas dois milhões de visitantes estrangeiros entraram no país, uma queda de 21%, o número mais baixo da última década.

- Para poucos -

Na festa do consumo argentino participa um grupo seleto da população. Apenas 6% pertence à classe alta e 50% à classe baixa, com renda inferior a 960 dólares (5.334 reais, na cotação atual) por mês.

A classe média, outrora principal motor do consumo, é a mais impactada pelos ajustes do governo.

Um estudo da consultoria Moiguer destaca que a recuperação econômica após meses de recessão (-1,8% em 2024) não beneficia a todos "e agrava as desigualdades atuais".

Cerca de 50% da população diz não conseguir chegar ao fim do mês, e 30% adiam ou cancelam gastos para pagar serviços básicos.

"Aumentam as taxas de registro de carros de alto padrão e diminui o consumo de alimentos. Estão destruindo a classe média", opinou Rodolfo Aguilar, presidente do Sindicato de Trabalhadores do Estado (ATE), que sofreu mais de 40 mil perdas de empregos desde que Milei assumiu em dezembro de 2023.

Ter emprego não garante chegar ao fim do mês porque "a recomposição salarial é mínima frente aos aumentos agressivos de impostos, gás, luz, transporte, a escola das crianças", disse Fernando Savore, presidente da Federação de Mercados da província de Buenos Aires.

"Muito do dinheiro que o trabalhador ganha vai para essas obrigações. Há coisas que não se vendem mais, como doces e sobremesas", contou. "As pessoas compram apenas o essencial: macarrão, purê de tomate, nada mais", e muitos pagam com crédito.

"Como comerciantes não queremos mais inflação porque é exaustivo, mas agora esperamos que isso se estabilize", acrescentou.

T.Musil--TPP