The Prague Post - Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação

EUR -
AED 4.30621
AFN 81.485726
ALL 98.083487
AMD 448.594637
ANG 2.098393
AOA 1075.117522
ARS 1551.329112
AUD 1.804417
AWG 2.111837
AZN 1.994679
BAM 1.976653
BBD 2.360422
BDT 142.513461
BGN 1.972013
BHD 0.442073
BIF 3476.25098
BMD 1.172429
BND 1.510953
BOB 8.098261
BRL 6.34948
BSD 1.171974
BTN 102.492126
BWP 15.75905
BYN 3.947276
BYR 22979.601758
BZD 2.351154
CAD 1.621797
CDF 3360.180462
CHF 0.939145
CLF 0.028765
CLP 1128.338493
CNY 8.403675
CNH 8.405247
COP 4710.220422
CRC 591.141351
CUC 1.172429
CUP 31.06936
CVE 111.440655
CZK 24.515131
DJF 208.688916
DKK 7.464455
DOP 73.111926
DZD 152.503141
EGP 56.86654
ERN 17.58643
ETB 166.209905
FJD 2.651441
FKP 0.873972
GBP 0.866548
GEL 3.159704
GGP 0.873972
GHS 12.920026
GIP 0.873972
GMD 84.414924
GNF 10160.185965
GTQ 8.986807
GYD 245.082387
HKD 9.16076
HNL 30.658434
HRK 7.541292
HTG 153.34908
HUF 394.753187
IDR 18995.102953
ILS 3.948488
IMP 0.873972
INR 102.26567
IQD 1534.993578
IRR 49300.625158
ISK 143.481862
JEP 0.873972
JMD 187.871975
JOD 0.831234
JPY 172.072078
KES 151.480427
KGS 102.502389
KHR 4699.51794
KMF 495.351205
KPW 1055.149179
KRW 1619.264797
KWD 0.358072
KYD 0.97659
KZT 629.971323
LAK 25396.380287
LBP 105456.879911
LKR 353.691304
LRD 234.975897
LSL 20.676832
LTL 3.461877
LVL 0.70919
LYD 6.359086
MAD 10.606504
MDL 19.741007
MGA 5189.637979
MKD 62.196145
MMK 2461.643447
MNT 4217.563624
MOP 9.439058
MRU 46.737058
MUR 54.060546
MVR 18.067251
MWK 2032.111983
MXN 21.779598
MYR 4.956444
MZN 74.921206
NAD 20.676832
NGN 1800.064658
NIO 43.124951
NOK 11.784174
NPR 163.984574
NZD 1.995929
OMR 0.4508
PAB 1.171939
PEN 4.114911
PGK 4.953212
PHP 66.170713
PKR 332.48256
PLN 4.257153
PYG 8493.604183
QAR 4.271729
RON 5.056325
RSD 117.241688
RUB 94.435897
RWF 1696.374379
SAR 4.398773
SBD 9.633865
SCR 17.263835
SDG 704.040965
SEK 11.13972
SGD 1.501588
SHP 0.921345
SLE 27.312299
SLL 24585.24043
SOS 669.757105
SRD 44.52882
STD 24266.906161
STN 24.761435
SVC 10.254178
SYP 15244.297022
SZL 20.667594
THB 37.925754
TJS 11.192028
TMT 4.1035
TND 3.441102
TOP 2.74594
TRY 48.086282
TTD 7.958022
TWD 35.549793
TZS 2919.347595
UAH 48.43718
UGX 4176.091744
USD 1.172429
UYU 46.904423
UZS 14548.480748
VES 161.744625
VND 30893.495221
VUV 141.045699
WST 3.174267
XAF 662.942299
XAG 0.030046
XAU 0.000347
XCD 3.168547
XCG 2.112201
XDR 0.823462
XOF 662.945156
XPF 119.331742
YER 281.616684
ZAR 20.457802
ZMK 10553.268245
ZMW 27.10032
ZWL 377.521551
Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação
Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação / foto: RODRIGO ARANGUA - AFP

Moradores da sombria antiga Colônia Dignidade, no Chile, resistem a desapropriação

A Colônia Dignidade mudou de nome em 1991 para deixar para trás o seu passado sombrio. Mas não conseguiu escapar de seus demônios e agora seus moradores esperam impedir o despejo deste ex-centro de repressão da ditadura do Chile que se transformará em um memorial.

Tamanho do texto:

Durante décadas, neste enclave alemão no sul do Chile, agora conhecido como Villa Baviera, os direitos humanos foram violados, e cerca de 250 moradores foram submetidos a condições análogas à escravidão por seu sinistro líder, o falecido Paul Schäfer.

O ex-enfermeiro do exército alemão, também permitiu que o local fosse usado como prisão, centro de tortura e desaparecimento para opositores da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Estima-se que 26 opositores desapareceram no bairro, e dezenas de pessoas foram sequestradas e torturadas, segundo dados oficiais.

Em 2024, o presidente de esquerda Gabriel Boric ordenou a expropriação de 116 dos 4.800 hectares do local.

Isso será feito às custas dos 122 colonos, que terão que vender parte de suas propriedades ao Estado, incluindo a área onde suas casas estão localizadas. Alguns deles resistem.

"Os colonos conhecem cada detalhe, cada edifício, cada árvore. E onde antes sofriam e eram obrigados a trabalhar, (...) querem preservar e considerar como seu, como seu esforço", afirma Anna Schnellenkamp, nascida na Villa Baviera há 48 anos, com uma expressão severa.

Anna é filha do falecido Kurt Schnellenkamp, acusado pela Justiça como cúmplice de Schäfer e que cumpriu sua pena na prisão.

- Turismo e produção agrícola -

O governo chileno busca completar o processo de desapropriação antes de março, quando Boric entregará o cargo ao seu sucessor.

"Vai ser o maior memorial que nosso país já teve", e haverá uma cerimônia de recordação similar à dos campos de concentração do regime nazista na Europa depois da Segunda Guerra Mundial, explica o ministro de Justiça chileno, Jaime Gajardo, à AFP.

A ditadura deixou cerca de 3.200 mortos e mais de 38 mil pessoas torturadas.

A colônia, hoje, funciona como um centro de produção agrícola e de carne, abastecendo o mercado nacional. Há também um restaurante e um hotel. Cerca de 200 chilenos também trabalham na Villa Baviera.

As fábricas, assim como todos os outros edifícios, serão desapropriadas, e a vida na colônia como é conhecida acabará.

"Está praticamente tirando toda nossa existência", lamenta Markus Blanck, de 50 anos, um dos gerentes de negócios do enclave.

Como no caso de Schnellenkamp, o padre de Blanck também foi acusado como cúmplice de Schäfer. Hans Blanck faleceu antes de sua sentença.

Atualmente, os moradores afetados ainda não decidiram se vão se mudar para dentro ou para fora do terreno que não será desapropriado.

O governo afirma estar cumprindo a legislação. "Aqui há um interesse nacional em preservar o patrimônio histórico do nosso país" e "como a desapropriação é altamente regulamentada, o Estado chileno deve pagar um preço justo por esses ativos desapropriados", diz o ministro Gajardo.

- Controle absoluto e abusos -

Em 1961, um grupo de cristãos protestantes alemães adquiriu uma grande área cercada por montanhas e florestas para formar seu prórpio enclave.

Paul Schäfer, um pregador, liderou o assentamento que mudou para um regime de controle absoluto.

Somente o alemão era falado e poucos podiam entrar ou sair. Não estava permitida a vida familiar e as crianças começavam a trabalhar aos sete anos.

Dezenas de menores foram abusados sexualmente por Schäfer, que foi preso em 2005. Cinco anos depois, morreu na prisão, aos 88 anos.

Mais vinte líderes do enclave foram condenados no Chile como autores, cúmplices ou ocultadores de abuso sexual e estupro.

A Alemanha reconheceu os colonos como vítimas. Dezenas retornaram para o país.

- "40 anos preso" -

"Vivemos 40 anos presos como em uma gaiola", lembra Harald Lindemann, de 65 anos.

Foi com a prisão de Schäfer que as coisas começaram a mudar.

Os colonos puderam se casar, viver com seus filhos, mandá-los para a escola e receber seu primeiro salário.

Dentro do enclave, pessoas abusadas e abusadores coexistem, muitos deles com laços familiares.

No entanto, hoje em dia, todo colono se reconhece como vítima de Schäfer.

Mas agora eles enfrentam uma nova ameaça: a ordem de desapropriação, que esperam contestar na Justiça.

"Sente-se uma espécie de vingança contra nós (...) que somos praticamente filhos daqueles que cometeram esses erros e também crimes", reflete Blanck.

"Por que eles (o governo) fazem vista grossa? Vivemos aqui há 63 anos em condições brutais", lamenta Horst Schaffrick, de 66 anos.

R.Rous--TPP