

Israel ataca líderes do Hamas no Catar
Israel lançou nesta terça-feira (9) um ataque aéreo contra líderes do Hamas em Doha, a capital do Catar, que abriga rodadas de negociações para uma trégua em Gaza, mas o movimento islamista palestino afirmou que "sua liderança sobreviveu" aos bombardeios.
"A liderança do Hamas sobreviveu à covarde tentativa de assassinato", disse Suhail al-Hindi, um dirigente político do Hamas, que governa Gaza desde 2007.
O movimento palestino detalhou que seis pessoas morreram nos ataques, incluindo o filho de seu principal negociador, Khalil al-Hayya, e três seguranças.
Mas "o inimigo não conseguiu assassinar os membros da delegação encarregada das negociações", sublinhou o grupo.
O Catar, por sua vez, afirmou que um de seus agentes de segurança morreu no ataque, que qualificou de "covarde". É a primeira vez que Israel bombardeia este país do Golfo, um aliado-chave dos Estados Unidos e que atua como mediador pela trégua em Gaza.
Doha informou que o ataque teve como alvo as residências de vários líderes do Hamas em seu território, onde está sediado o escritório político do grupo, e assegurou que não recebeu nenhum aviso prévio de Washington.
A Casa Branca se distanciou do ataque e sublinhou que o presidente americano, Donald Trump, não concordava com a decisão israelense.
Israel justificou a operação como uma resposta ao atentado em Jerusalém na segunda-feira, reivindicado pelo Hamas, no qual morreram seis israelenses.
"Ontem, após os ataques mortais em Jerusalém e Gaza, o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu instruiu todas as agências de segurança a se prepararem para a possibilidade de atacar os dirigentes do Hamas", indicou um comunicado conjunto de Netanyahu e do ministro da Defesa, Israel Katz.
O gabinete de Netanyahu assegurou que foi uma ação "totalmente independente", sem participação de outros países. "Israel a iniciou, Israel a executou e Israel assume toda a responsabilidade", afirmou.
- Críticas dos Estados Unidos -
Israel notificou os Estados Unidos antes de realizar o ataque, assinalou um funcionário da Casa Branca sob condição de anonimato.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, sublinhou depois que "bombardear unilateralmente o Catar, uma nação soberana e um aliado próximo dos Estados Unidos que trabalha arduamente, com coragem e assumindo riscos para negociar a paz, não promove os objetivos de Israel nem dos Estados Unidos".
O presidente Donald Trump "lamenta profundamente" que o ataque perpetrado nesta terça-feira por Israel contra a cúpula do Hamas tenha ocorrido no Catar, insistiu.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, qualificou o ataque de "ato criminoso" em uma ligação com o emir catariano, xeque Tamim bin Hamad Al Thani.
Também o condenaram o Irã, um aliado-chave do Hamas, assim como Jordânia e Emirados Árabes Unidos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a "flagrante violação" da soberania do Catar por Israel.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, denunciou, por sua vez, o "brutal ataque israelense (...) uma escalada que ameaça a segurança e a estabilidade da região".
Desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023, Israel já matou vários chefes e altos responsáveis do Hamas.
Na semana passada, Netanyahu ordenou o início de negociações para liberar todos os reféns, poucos dias depois de o Hamas ter dado seu aval a uma nova proposta de cessar-fogo apresentada pelos mediadores (Egito, Catar e Estados Unidos).
De acordo com fontes palestinas, a proposta prevê a libertação escalonada de reféns durante uma trégua inicial de 60 dias, em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.
A guerra em Gaza pode terminar "imediatamente" se o Hamas aceitar a proposta de trégua de Trump, insistiu nesta terça-feira Netanyahu.
O premiê israelense deu luz verde a uma nova ofensiva militar para tomar o controle da Cidade de Gaza, que Israel considera um dos últimos redutos do movimento islamista palestino.
Neste mesmo terça-feira, o braço armado do Hamas reivindicou o atentado de segunda-feira em Jerusalém, que custou a vida a seis israelenses.
Q.Pilar--TPP