Militantes do partido de líder separatista catalão apoiam decisão de romper com Madri
Os militantes do partido do líder separatista catalão Carles Puigdemont apoiaram, com 87% dos votos, sua decisão de pôr fim ao apoio parlamentar ao governo espanhol, chefiado pelo socialista Pedro Sánchez, anunciou a formação nesta quinta-feira (30).
A consulta teve como resultado 86,98% de votos favoráveis à decisão de Puigdemont e da direção do partido Junts per Catalunya (JxCat), 10,22% de votos contrários e 2,8% em branco, com participação de 66,29% da militância.
Ainda não está claro o impacto que a decisão terá, mas o Junts já votou contra diversas leis propostas pelo governo e é provável que Sánchez não consiga aprovar o orçamento deste ano e seu governo corre o risco de cair.
"Não estamos dispostos a continuar ajudando um governo que não ajuda a Catalunha", afirmou Puigdemont na segunda-feira ao anunciar sua decisão, alegando que o governo de Sánchez não havia cumprido com os acordos feitos para apoiá-lo em 2023.
"Se, a partir de quinta-feira às 6 da tarde, a militância do Junts ratificar o acordo aprovado esta manhã por unanimidade (...), o governo espanhol não terá, nem poderá recorrer à maioria da posse: não terá orçamentos, não terá capacidade para governar", disse Puigdemont na segunda-feira.
Sánchez, que chefia um governo de esquerda em minoria parlamentar, reitera sua vontade de exercer a legislatura até o final, em 2027, ainda que não consiga aprovar o orçamento.
Em troca, o líder socialista comprometeu-se, entre outras coisas, a promover a lei de anistia para os independentistas processados pela tentativa separatista de 2017 e a trabalhar para que o catalão se torne língua oficial da União Europeia.
Embora finalmente o Parlamento espanhol tenha aprovado a lei de anistia em 2024, Puigdemont ainda não pôde se beneficiar dela porque o Supremo Tribunal decidiu que ela não era aplicável aos investigados pelo crime de malversação de recursos.
Então presidente do governo regional durante a intentona secessionista de 2017, Puigdemont continua residindo na Bélgica, à espera de que o Tribunal Constitucional espanhol decida sobre o recurso que apresentou para poder se beneficiar da lei.
U.Ptacek--TPP