Governo britânico defende sua reforma contra a imigração irregular
O governo britânico defendeu neste domingo(16) sua ampla reforma destinada a combater a imigração irregular, que inclui a restrição da proteção concedida aos requerentes de asilo, assegurando que este tema tão delicado está "dividindo" o país.
O Ministério do Interior revelou na noite de sábado duas medidas emblemáticas deste plano, cuja apresentação detalhada ocorrerá na segunda-feira no Parlamento.
Entre elas, a redução da proteção concedida aos refugiados, que "serão obrigados a retornar ao seu país de origem assim que este for considerado seguro", e a eliminação do acesso automático a benefícios sociais para os requerentes de asilo.
Questionada no domingo pela BBC e pela Sky News, a ministra do Interior, Shabana Mahmood, defendeu integralmente essas primeiras medidas.
Nascida em uma família originária do Paquistão, declarou à BBC que, embora "a imigração faça absolutamente parte" de sua experiência de vida, sente "o dever moral" de combater a imigração irregular.
"É um dever moral para mim, porque vejo que a migração ilegal está dividindo nosso país", afirmou.
Segundo ela, essa imigração "divide as comunidades, as pessoas percebem uma enorme pressão em suas comunidades e também veem um sistema que falha, do qual algumas pessoas podem (...) se aproveitar", prosseguiu.
O governo do premiê Keir Starmer, que chegou ao poder em julho de 2024, está sob pressão quase diária para deter as chegadas de imigrantes.
- Trabalhar ou estudar -
Há vários meses, o partido de extrema direita Reform UK de Nigel Farage, que transformou a questão dos imigrantes em seu principal tema de campanha, supera amplamente nas pesquisas.
Diversas manifestações foram organizadas este ano em frente a hotéis que alojam solicitantes de asilo, e um protesto organizado pela extrema direita em Londres, em meados de setembro, reuniu até 150 mil pessoas, segundo a polícia.
Nesse contexto, o governo Starmer prometeu reduzir o número de migrantes que cruzam o Canal da Mancha.
Desde 1º de janeiro, 39.292 pessoas desembarcaram no litoral inglês após a perigosa travessia, um número que supera o de 2024 (36.816).
Também na BBC, Mahmood "rejeitou" qualquer influência da extrema direita.
No Reino Unido, a restrição da proteção aos refugiados era uma medida defendida até agora por Nigel Farage, que havia anunciado que, caso chegasse ao poder, obrigaria os migrantes, incluindo os já regularizados, a solicitar um visto a cada cinco anos.
O novo sistema reduzirá a duração de sua estadia de cinco anos para 30 meses, e multiplicará por quatro, de cinco para 20 anos, o prazo necessário para solicitar a residência permanente, detalhou a pasta.
Os refugiados que desejarem obter residência permanente mais rapidamente "deverão trabalhar ou estudar", segundo o ministério.
Quanto às ajudas sociais (habitação, subsídios financeiros), estas já não serão automáticas.
O governo quer suprimir estas ajudas "para aqueles que têm direito a trabalhar e podem se sustentar por conta própria".
"Sei que tenho que convencer as pessoas de todo o país, não apenas o Parlamento (...), de que estas reformas podem funcionar", admitiu a ministra.
Sem dúvida, o primeiro passo será convencer a ala esquerda do partido, que já se manifestou contra tais mudanças.
No final de junho, o governo foi obrigado a recuar no seu projeto de lei destinado a cortar benefícios para pessoas com deficiência após a mobilização de mais de cem deputados do próprio partido.
I.Horak--TPP