The Prague Post - O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia

EUR -
AED 4.249498
AFN 75.79028
ALL 92.279817
AMD 442.849808
ANG 2.07121
AOA 1061.07229
ARS 1665.634711
AUD 1.764981
AWG 2.085695
AZN 1.968266
BAM 1.952303
BBD 2.331724
BDT 141.476598
BGN 1.956219
BHD 0.436201
BIF 3425.05292
BMD 1.157112
BND 1.505011
BOB 7.999534
BRL 6.229312
BSD 1.157726
BTN 102.597462
BWP 15.513945
BYN 3.946249
BYR 22679.404469
BZD 2.328389
CAD 1.618135
CDF 2591.931902
CHF 0.927501
CLF 0.0278
CLP 1090.60167
CNY 8.227822
CNH 8.227
COP 4466.685568
CRC 581.458538
CUC 1.157112
CUP 30.663481
CVE 110.677504
CZK 24.333153
DJF 205.641903
DKK 7.46768
DOP 74.167916
DZD 150.383321
EGP 54.652117
ERN 17.356687
ETB 177.90602
FJD 2.653432
FKP 0.873818
GBP 0.879446
GEL 3.141549
GGP 0.873818
GHS 12.55447
GIP 0.873818
GMD 83.905529
GNF 10037.950769
GTQ 8.872147
GYD 242.202001
HKD 8.990602
HNL 30.374021
HRK 7.532682
HTG 151.488666
HUF 388.493565
IDR 19171.386584
ILS 3.76669
IMP 0.873818
INR 102.560722
IQD 1515.817339
IRR 48685.507768
ISK 144.800795
JEP 0.873818
JMD 185.018609
JOD 0.8204
JPY 178.077278
KES 149.498355
KGS 101.189602
KHR 4652.749535
KMF 492.929555
KPW 1041.419233
KRW 1651.349665
KWD 0.355025
KYD 0.964755
KZT 613.99964
LAK 25103.554838
LBP 103619.421753
LKR 352.189403
LRD 212.333368
LSL 19.798218
LTL 3.416652
LVL 0.699926
LYD 6.294005
MAD 10.713415
MDL 19.651462
MGA 5218.577337
MKD 61.615132
MMK 2429.072768
MNT 4169.862513
MOP 9.26245
MRU 46.38287
MUR 52.637053
MVR 17.698341
MWK 2009.334578
MXN 21.441434
MYR 4.86244
MZN 73.938767
NAD 19.798102
NGN 1673.370003
NIO 42.488938
NOK 11.636045
NPR 164.156139
NZD 2.01547
OMR 0.444911
PAB 1.157906
PEN 3.914518
PGK 4.901239
PHP 68.114613
PKR 325.034968
PLN 4.242767
PYG 8198.315834
QAR 4.213336
RON 5.084232
RSD 117.206276
RUB 92.515597
RWF 1677.234529
SAR 4.339528
SBD 9.531566
SCR 16.413723
SDG 696.04856
SEK 10.923362
SGD 1.504055
SHP 0.868134
SLE 26.810044
SLL 24264.069456
SOS 696.001555
SRD 44.843856
STD 23949.891988
STN 24.762207
SVC 10.129856
SYP 12793.939004
SZL 19.798054
THB 37.409363
TJS 10.656529
TMT 4.049894
TND 3.399014
TOP 2.710071
TRY 48.630543
TTD 7.837927
TWD 35.576226
TZS 2846.33352
UAH 48.587374
UGX 4027.785753
USD 1.157112
UYU 46.187273
UZS 13914.277209
VES 256.264368
VND 30466.771411
VUV 140.771353
WST 3.228565
XAF 654.787027
XAG 0.023614
XAU 0.000287
XCD 3.127154
XCG 2.086427
XDR 0.810496
XOF 652.611408
XPF 119.331742
YER 275.962615
ZAR 20.004391
ZMK 10415.399732
ZMW 25.555785
ZWL 372.589744
O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia
O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia / foto: SIMON MAINA - AFP

O preocupante aumento das mutilações genitais femininas 'medicalizadas' no Quênia

Edinah Nyasuguta Omwenga estava lutando por sua vida, após sofrer complicações pós-parto, quando ouviu médicos de um hospital no Quênia descreverem seu caso como um típico exemplo dos efeitos nefastos, e até mortais, da excisão.

Tamanho do texto:

Ao contrário de milhares de jovens na África Oriental, Edinah Nyasuguta Omwenga foi submetida a mutilação genital medicalizada. Isso significa que um profissional de saúde em um hospital fez a ablação do clitóris.

"Eu tinha sete anos (…) ninguém me disse que isso me causaria tantos problemas", diz esta mulher, hoje com 35 anos.

Quando o Quênia proibiu a mutilação genital feminina (MGF) em 2011, poucos previram que o procedimento, tradicionalmente realizado em público com pompa e cerimônia, seria transferido para clínicas e lares privados, escondidos da vista de outras pessoas.

Tanto os profissionais como as comunidades defendem a mutilação genital feminina medicalizada como forma de preservar a tradição, apesar dos riscos para a saúde física, psicológica e sexual das meninas. Com frequência, elas não têm nem 15 anos de idade quando são submetidas a esse procedimento.

De acordo com um relatório de 2021 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), esse tipo de ablação medicalizada está aumentando no Egito, Sudão, Guiné e Quênia.

- "O fim do mundo" -

No condado de Kisii, 300 quilômetros a oeste da capital do país, Nairóbi, mais de 80% dessas mutilações são realizadas por profissionais de saúde, segundo o governo.

Doris Kemunto Onsomu passou anos fazendo a incisão em meninas dessa região montanhosa, acreditando que era uma alternativa mais segura ao procedimento tradicional que ela sofreu quando era adolescente.

"Como estava ciente do risco de infecção, usava um bisturi novo a cada vez", disse ela à AFP.

Ela acreditava estar "ajudando a comunidade". E os pedidos chegavam de famílias de todas as camadas sociais.

"As tradições não estão ligadas à educação. Demora muito para desaprender certas práticas", avalia Doris, de 67 anos.

Tina (que pediu que seu nome verdadeiro não fosse divulgado) estava na casa da avó, em Kisii, quando um médico chegou tarde da noite para operá-la. Ela tinha 8 anos.

"Foi como se fosse o fim do mundo. Foi muito doloroso", disse à AFP essa filha de um engenheiro.

Por ordem da avó, teve de permanecer em isolamento até a cicatrização da ferida. Agora com 20 anos, essa estudante da Universidade de Nairóbi faz campanha contra a prática.

Rosemary Osano, a mais nova de cinco irmãs, diz que "sentiu pressão" para seguir a tradição.

"As pessoas pensam que adotamos a cultura ocidental de muitas maneiras (…) Por isso, defendem (a mutilação genital feminina) como forma de preservar a cultura", diz essa mulher de 31 anos.

- Criar consciência -

A prática também persiste nessas comunidades no exterior.

Em outubro, um tribunal de Londres condenou uma mulher britânica por levar uma menina de três anos a uma clínica no Quênia para ser submetida à mutilação medicalizada.

Aqueles que ainda praticam a mutilação genital feminina "dizem que, sem esta excisão, a jovem se tornará prostituta", disse à AFP a ativista Esnahs Nyaramba.

O presidente William Ruto pediu aos quenianos que parem de praticá-la, mas, para Esnahs Nyaramba, são necessárias sanções mais duras.

"Se um familiar for preso (…) as pessoas vão ficar com medo", afirma.

Para outros ativistas, no entanto, uma política mais repressiva poderia tornar a prática ainda mais clandestina. Várias ONG decidiram, então, concentrar-se na sensibilização para que as famílias optem por ritos de passagem alternativos.

A.Novak--TPP