The Prague Post - Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

EUR -
AED 4.247186
AFN 75.752119
ALL 92.229833
AMD 442.609442
ANG 2.070085
AOA 1060.495823
ARS 1664.751063
AUD 1.765325
AWG 2.084562
AZN 1.96211
BAM 1.951242
BBD 2.330456
BDT 141.399716
BGN 1.955105
BHD 0.435998
BIF 3423.191643
BMD 1.156484
BND 1.504193
BOB 7.995186
BRL 6.219101
BSD 1.157097
BTN 102.541708
BWP 15.505514
BYN 3.944104
BYR 22667.079801
BZD 2.327124
CAD 1.617302
CDF 2590.523618
CHF 0.928234
CLF 0.02778
CLP 1089.800422
CNY 8.22335
CNH 8.225519
COP 4464.258237
CRC 581.142556
CUC 1.156484
CUP 30.646817
CVE 110.617353
CZK 24.339936
DJF 205.530269
DKK 7.466802
DOP 74.127063
DZD 150.475839
EGP 54.621766
ERN 17.347255
ETB 177.953875
FJD 2.623656
FKP 0.873343
GBP 0.879361
GEL 3.1341
GGP 0.873343
GHS 12.548307
GIP 0.873343
GMD 83.842174
GNF 10032.49618
GTQ 8.867326
GYD 242.070381
HKD 8.986074
HNL 30.380792
HRK 7.533563
HTG 151.406342
HUF 388.34201
IDR 19255.163873
ILS 3.762787
IMP 0.873343
INR 102.503021
IQD 1514.993599
IRR 48659.049852
ISK 144.860757
JEP 0.873343
JMD 184.918065
JOD 0.819928
JPY 178.252876
KES 149.41871
KGS 101.134357
KHR 4650.220584
KMF 489.193151
KPW 1040.853295
KRW 1655.761213
KWD 0.354891
KYD 0.964231
KZT 613.665975
LAK 25095.695627
LBP 103563.111899
LKR 351.998012
LRD 212.156794
LSL 19.787681
LTL 3.414796
LVL 0.699545
LYD 6.285539
MAD 10.658734
MDL 19.640783
MGA 5221.524014
MKD 61.594956
MMK 2427.752737
MNT 4167.596484
MOP 9.257416
MRU 46.357592
MUR 52.65504
MVR 17.697547
MWK 2008.228091
MXN 21.419257
MYR 4.854338
MZN 73.905761
NAD 19.787641
NGN 1678.705601
NIO 42.501035
NOK 11.621851
NPR 164.066932
NZD 2.013587
OMR 0.444666
PAB 1.157277
PEN 3.921062
PGK 4.897997
PHP 68.037105
PKR 324.914176
PLN 4.244653
PYG 8193.860623
QAR 4.210766
RON 5.084481
RSD 117.204975
RUB 92.462494
RWF 1677.479554
SAR 4.337139
SBD 9.518545
SCR 16.977017
SDG 695.619707
SEK 10.913106
SGD 1.503909
SHP 0.867662
SLE 26.772227
SLL 24250.883633
SOS 695.635878
SRD 44.819541
STD 23936.876899
STN 24.690926
SVC 10.124351
SYP 12786.986394
SZL 19.787524
THB 37.425545
TJS 10.650738
TMT 4.047693
TND 3.395449
TOP 2.708598
TRY 48.539637
TTD 7.833668
TWD 35.515555
TZS 2844.786746
UAH 48.56097
UGX 4025.596934
USD 1.156484
UYU 46.162174
UZS 13883.586088
VES 253.676253
VND 30450.214855
VUV 140.694854
WST 3.226811
XAF 654.431196
XAG 0.023725
XAU 0.000289
XCD 3.125455
XCG 2.085293
XDR 0.810055
XOF 651.674176
XPF 119.331742
YER 275.823907
ZAR 19.982477
ZMK 10409.74147
ZMW 25.541897
ZWL 372.387268
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira? / foto: Pablo PORCIUNCULA - AFP

Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

Com a ajuda de um tubo metálico, um operário insere uma muda no solo. Dois passos adiante, ele coloca outra.

Tamanho do texto:

Na Amazônia Legal, parte da floresta tropical que se estende pelo território do Brasil, uma empresa recente de créditos de carbono com contratos valiosos com as gigantes Google e Microsoft, e apoiada pelo governo dos Estados Unidos pretende repetir este gesto milhões de vezes.

O objetivo da empresa brasileira Mombak é replicar em escala industrial a biodiversidade da maior floresta tropical do planeta, estratégica para combater as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, vítima do desmatamento.

O momento não podia ser mais propício, pois o Brasil abriu a porta da frente para o mercado de carbono e o setor precisa recuperar credibilidade, após anos de escândalos e fiascos.

- Oportunidade de ouro -

"A gente identificou uma grande oportunidade no mercado, que é a meta global de reduzir as emissões nos próximos anos", afirma o cofundador da Mombak, Gabriel Silva, na fazenda Turmalina, em Mãe do Rio, Pará, a primeira comprada pela empresa para reflorestar.

"A Amazônia é o melhor lugar para você fazer reflorestamento do mundo", onde desde 2015 desapareceram 60 milhões de hectares, ressalta.

O mercado de carbono se baseia na venda de créditos a empresas poluidoras, que em troca financiam o reflorestamento. Em outras palavras, elas compensam o CO2 emitido por suas atividades com o que a natureza absorve e armazena nas árvores através da fotossíntese.

Mas isto tem gerado críticas de "greenwashing" (maquiagem verde), pois as empresas são condenadas por não concentrarem seus esforços na redução de suas emissões.

Além disso, até agora, a maioria destes projetos se mostrou ineficaz, principalmente porque apostaram na monocultura, especialmente do eucalipto, que dá origem a florestas que com o tempo adoecem e se fragilizam.

- Simular a natureza -

Nesta fazenda de 3 mil hectares, ao leste de Belém, foram plantadas mais de três milhões de mudas em apenas 18 meses, reunindo mais de 120 espécies nativas.

"O que a gente quer nada mais é do que simular a natureza" para produzir uma floresta "resiliente" com "autogerenciamento por 100 anos", assegura o biólogo encarregado do projeto, Severino Ribeiro.

Em primeiro lugar, foram plantadas árvores capazes de crescer sob o sol inclemente da Amazônia e depois, as espécies suscetíveis de se desenvolver sob sua sombra. Algumas já subiram vários metros, outras estão começando a crescer.

Entre os novos seres vivos desta antiga área degradada, há 300 mil exemplares de "seis espécies em risco de extinção", segundo a lista vermelha da organização internacional UICN, como o ipê-amarelo e o cedro-rosa, segundo Ribeiro.

- Trinta milhões de árvores -

A fazenda Turmalina foi a primeira das nove que a Mombak comprou no Pará desde 2021.

A empresa planeja plantar nelas pelo menos 30 milhões de árvores até 2032, cobrindo uma superfície cinco vezes maior à de Manhattan.

Para financiar seu projeto, a Mombak contou com investimentos privados e apoio de entidades como o Banco Mundial e o governo americano anunciou um crédito de US$ 37,5 milhões (R$ 227,7 milhões) durante a visita do presidente Joe Biden à Amazônia em novembro.

Com a Microsoft, a Google e também a McLaren Racing, a empresa assinou contratos por um número fixo de toneladas e um ano de entrega.

No caso da Microsoft, são 1,5 milhão de toneladas de CO2 a serem compensadas, um dos maiores acordos de remoção do mundo, segundo a Mombak.

Os montantes destes contratos não foram divulgados, mas a Mombak admite que não vende barato: estes projetos precisam de "capital intensivo" e, por isso, "só podem existir em um cenário em que o preço do crédito de carbono (...) seja elevado".

Enquanto isso, o projeto deve ser validado em definitivo segundo a nova metodologia da Verra, uma das principais certificadoras privadas de créditos de carbono, que precisou reforçar seus padrões para torná-los mais confiáveis.

Estudos independentes mostraram que os projetos validados por seus métodos antigos não recuperavam nada ou apenas um pouco de carbono em relação ao prometido.

- A terra, uma questão sensível -

Embora seja "prudente" frente à juventude da Mombak, a professora Lise Vieira da Costa, do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará, vê aspectos animadores.

"O fato que esteja fazendo um reflorestamento biodiverso é positivo porque a grande preocupação que a gente tem em relação as projetos implementados na Amazônia é que são áreas de monocultura", corrobora.

"Outro ponto é que eles estão adquirindo a titularidade das áreas. Neste caso você tem uma tendência a ter menos conflito com comunidades", acrescenta.

A propriedade de terra é um dos grandes desafios na Amazônia, pois há na região um limbo legal do qual se aproveitam agricultores, pecuaristas, garimpeiros ou grileiros.

Isto gera conflitos com as comunidades locais, especialmente com povos indígenas, que dependem dos recursos naturais para sobreviver.

E com o mercado de créditos de carbono, também há antecedentes, com vários casos denunciados na justiça do Pará por apropriação indevida de terras.

- Alerta para a população local -

"A gente quer, por enquanto, áreas particulares de fazendeiros. Eles já estão lá há décadas e aí é mais fácil controlar tudo a partir de documentação", explica Silva.

No entanto, ele admite o interesse da Mombak em participar da primeira licitação do governo do Pará para reflorestar uma área pública degradada de mais de 10 mil hectares no sudeste do estado.

"O Brasil não cumprirá as suas metas apenas reduzindo o desmatamento. Precisa restaurar as áreas e fazer as concessões de restauro" de terras, afirmou o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), que se prepara para receber, em novembro, a COP30, a conferência climática da ONU, em Belém.

Mas algumas vozes alertam para o risco de que esta nova política de concessão de terras prejudique ainda mais as populações locais.

"Seria justo e necessário que os recursos para reflorestamento se dirijam para os povos da floresta, comunidades quilombolas, povos indígenas. Eles têm o conhecimento natural de como fazer isso e precisam de apoio", defende o especialista em Ciências Florestais Carlos Augusto Pantoja.

"Se o capital é o grande responsável por nos colocar nessa crise climática, não creio que sejam eles que vão resolver", afirma.

E.Cerny--TPP