

Venezuela elege prefeitos quase sem oposição ao chavismo
Os venezuelanos votam em eleições municipais neste domingo (27), um ano após a questionada reeleição do presidente, Nicolás Maduro, com a intenção do chavismo governante de conquistar as prefeituras diante da ausência da maior parte da oposição.
O desinteresse por essas eleições reina nas ruas. Muitos não têm ideia de que há votações; outros, opositores, sentem que o resultado já está arranjado de antemão e que sua participação é irrelevante.
É uma posição que segue o grito de fraude da oposição liderada por María Corina Machado nas presidenciais de 28 de julho. A autoridade eleitoral - acusada de servir ao chavismo - proclamou Maduro como vencedor sem publicar os detalhes da apuração, como exige a lei.
Machado tem pedido abstenção desde então. Ela sustenta que seu candidato, Edmundo González, derrotou Maduro e publicou em um site cópias das atas emitidas pela máquina de votação para provar sua alegação.
González está agora no exílio e Machado, na clandestinidade.
O processo começou às 6h (7h em Brasília) e se estende pelo menos até as 18h (19h em Brasília). Os centros de votação em Caracas e em cidades como Barinas, Maracaibo e Ciudad Guayana estavam praticamente desertos até o meio-dia, constatou a AFP.
"Houve pouca participação", apontou Jesús Peña, de 64 anos, que votou pelo chavismo em Barinas (oeste), estado onde nasceu Chávez. "A oposição deveria ter tido seu candidato para que houvesse uma boa disputa, séria, uma competição."
"Espero desta nova gestão que melhore", disse à AFP Iris Matos, secretária de 60 anos, ao votar na capital.
Alguns pedem melhorias nas ruas ou mais segurança.
Há dois meses, o partido do governo PSUV ganhou 23 de 24 governadorias e praticamente a totalidade do Parlamento, além de uma proposta de Maduro para renovar a Constituição no próximo ano. Dessas eleições, o Conselho Nacional Eleitoral também não divulgou os detalhes dos resultados.
Agora o chavismo busca as 335 prefeituras. Já hoje tem sob seu controle 212, incluindo a do município Libertador de Caracas, onde se concentram todos os poderes públicos.
Mira nos bastiões históricos da oposição, bem como na prefeitura de Maracaibo, capital do estado petrolífero de Zulia (oeste), cujo prefeito opositor terminou preso acusado de corrupção.
Maduro celebrou ao votar o que considerou uma "proeza única" eleitoral no último ano, que começou com sua questionada reeleição e termina agora com as prefeituras. O mandatário esquerdista ainda tem pendente para o próximo ano uma reforma à Constituição, da qual ainda há pouca informação.
A projeção é um mapa completamente vermelho, a cor que representa o chavismo. "Mas isso não reflete a realidade do país: esse é o mapa das máfias", concluiu por sua vez Machado em um encontro virtual com correspondentes estrangeiros.
"A luta já não é no plano eleitoral, esta é uma luta na clandestinidade", acrescentou.
Maduro planeja liderar uma manifestação na segunda-feira para celebrar o aniversário de sua proclamação, que os Estados Unidos e uma dúzia de países desconsideraram.
"Maduro não é o presidente da Venezuela e seu regime não é o governo legítimo", indicou o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, em um comunicado, após chamar o governante de líder de uma organização "narcoterrorista".
Ainda assim, Washington e Caracas mantêm um canal aberto e negociaram a repatriação de indocumentados e, mais recentemente, concordaram com uma troca de 10 americanos presos na Venezuela pelos 252 migrantes detidos na megaprisão para membros de gangues em El Salvador.
Z.Pavlik--TPP